terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Reli "Cartas a Theo" do Van Gogh | comentários e recomendações

Depois de um bom tempo apareci por aqui com uma resenha :)


Nos últimos meses reduzi bastante a minha frequência de leituras por motivos de trabalho e últimos meses de graduação (yay!), mas em setembro decidi reler Cartas a Theo, já que tinha comprado no sebo uns meses atrás e que havia acabado de ler "Cartas a um Jovem Poeta" do Reiner Maria Rilke (que, aliás, não me agradou tanto), então peguei o embalo e li dois livros epistolares neste ano.

Eu já havia lido Cartas a Theo em 2023, pelo Kindle, mas sem muita prentensão. O interesse pela figura do Van Gogh surgiu a um tempo pela presença dele na cultura visual dos últimos anos (A Noite Estrelada parece fazer parte da cultura pop dos últimos anos ou é coisa da minha cabeça?), mas o interesse pelas cartas em si foi mais recente e não me lembro exatamente como e quando aconteceu, mas de alguma forma cheguei no Van Gogh.

Eu gosto de conhecer mais sobre artistas, suas vidas e processos criativos porque eu me identifico com muitos deles em vários sentidos. No caso do Van Gogh, diria que a minha identificação parte pela sensibilidade que ele transmite. Pelas cartas conseguimos entender que a genialidade dele estava justamente na capacidade de apreciação daquilo que parece banal ou simples demais. Ele admirava grandes pintores e os estudava com paixão, mas a vida o impeliu a pintar coisas que são comuns a todos nós (por mais que não pareçam): a natureza e a luz. 

Eu ainda não li a biografia do Van Gogh (na verdade, eu ainda não li nenhuma biografia :(), mas acredito que estas questões devam ficar mais claras com o conhecimento da personalidade dele que, inclusive, parecia muito complexa e conturbada, mas a verdade é que qalquer comentário que eu faça sobre a personalidade dele seria insuficiente ou apenas um palpite, já que as cartas não são suficientes para compreender esse aspecto. Pelo o que entendi, as edições de Cartas a Theo contam com as cartas do Van Gogh para o irmão, somente, ou seja, não temos acesso àquilo que o irmão escrevia. Na verdade, até temos acesso sim, mas as cartas não estão traduzidas (caso alguém por aí fale holandês ou francês, as cartas estão aqui).

Falando nesse site aí, eu AMO quando encontro sites na internet que sejam relacionados à leitura que estou fazendo... existe tanta coisa interessante na internet se a gente conseguir procurar, né? Nesse site eles disponibilizam todas as cartas originais digitalizadas, comentários, explicações e coisas do tipo. Também conseguimos ver os desenhos que o Van Gogh enviava para o irmão (achei isso o máximo!).

Carta 173 (essa ilustração me lembrou a gravura do Gustavo
Doré para o Círculo dos Suícidas na Divina Comédia ↓)


O que eu não achei o máximo foi a minha edição. Como comentei, comprei no sebo por 25 reais uns meses atrás e é uma edição da década de 70 bem usadinha e com marcas o tempo (o que gosto), mas acontece que a diagramação é horrível. A edição não divide as cartas de um jeito coerente e o que temos são trechos de cartas que não dá para entender quando começam ou terminam. Existe uma enumeração nas cartas que não é explicada em lugar nenhum do livro. Acredito que a edição mais recente do livro corrija tudo isso. 

Tirando as intercorrências com a edição, as cartas são muito interessantes, mesmo o livro ficando maçante em determinado momento. Obviamente as cartas são muito pessoais, mas em X momento ficam TÃO pessoais que eu não sabia se deveria estar lendo. Não que tenha algo muito pessoal nas cartas selecionadas do livro, mas em alguns momentos não dá para entender muito bem do que eles estão falando (até porque não existem notas explicativas). De qualquer forma, as cartas trazem trechos e narrações sobre o cotidiano do Van Gogh, a luta contra a fome e a escassez de material para o trabalho, já que o pintor foi sustentado pelo irmão, Theo, que bancava o trabalho do irmão e as necessidades dele como homem e pintor.

Pelas cartas sabemos que: o Van Gogh nasceu em uma família protestante, o pai era pastor; ele tenta seguir os passos do pai, mas não consegue por várias questões; sabemos que ele era um viajante, quase um nômade, já que não ficava muito tempo no mesmo lugar; ele amava ler e durante as cartas ele cita vários livros que estava lendo (amei isso, fiz uma lista com alguns) e também podemos saber que, aos poucos, o Van Gogh foi perdendo a fé em Deus (o que é triste). Ele vai sendo corroído, lentamente, pelas questões mentais e debilidades psicológicas. 

Apesar do sofrimento psicológico e da fome, o Van Gogh parecia um homem muito perseverante e determinado. A produtividade dele era impressionante, acredito que ele pintava dezenas de quadros em uma semana. Em vários momentos ele comenta sobre a necessidade do trabalho para o manter são.

Eu queria muito poder colocar várias partes lindas aqui, mas escolhi as minhas favoritas para deixar aqui juntamente com algumas pinturas lindas, interessantes e pouco conhecidas do Van Gogh.

"A vida não nos teria sido dada para enriquecer nossos corações, mesmo quando o corpo sofre?"

Canteiro de Flores na Holanda (1883)

"É bom amar tanto quando possamos, pois nisso consiste a verdadeira força, e aquele que ama muito realiza grandes coisas e é capaz, e o que se faz por amor está bem feito."

Avenida dos Choupos no Outono (1884-85)

"Preferi a melancolia que espera e que aspira e que busca, àquela que embota e, estagnada, desespera."

Le Moulin de la Galette (1886)

"Mas involuntariamente sou levado a crer que a melhor maneira de conhecer Deus é amar muito."

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Detox de dopamina e favoritos dos últimos meses

Bom, eu desativei meu Instagram pessoal. Foi a primeira vez em 12 anos. Na verdade, eu já não usava aquela conta e raramente entrava ou postava algo lá, no fim das contas, na prática, não mudou muita coisa, MAS, por incrível que pareça, a diferença tem sido grande. Não posso negar: parece que tirei um peso das costas (?).

Um dos momentos favoritos: fui no Mosteiro e no Carmelo
 (tem vlog aqui no blog sobre esse dia)

Eu ainda mantenho minha conta secundária (agora primária) sobre livros e estudos aqui no computador. O aplicativo do Instagram quase não ficou no meu celular no último ano, o que eu estou amando. Eu queria mesmo apagar tudo e ficar sem, sabe? Mas ainda acompanho algumas pessoas e conteúdos que me interessam, mas quem sabe um dia num futuro próximo, não é mesmo?

Tudo isso para dizer que tenho sentido, de verdade, alguns efeitos desse distanciamento da última rede social que me restou. Não sei se posso dizer que é um detox de dopamina porque ainda tenho usado alguns aplicativos que ainda contribuem negativamente para toda essa dependência em relação à reposição de dopamina no meu organismo (como o Youtube ou o Spotify), mas consigo, definitivamente, sentir que meus pensamentos estão menos frenéticos e intensos. Graças a Deus tenho conseguido silenciar mais internamente, mesmo que, às vezes, eu passe algumas horas ouvindo música ou vendo algo no Youtube. A questão é, agora, consigo me sentir *incomodada* com essa frequência, por vezes, frenética e isso é, claramente, uma novidade por aqui, já que passei os últimos anos no ciclo vicioso sem perceber. No fim parece uma libertação de um vício e isso é assustador.

Descobrimos uma sorveteria nova com um sorvete
de chocolate parece um mousse com pedaços de 
chocolate dentro!!! AAAAAA

Infelizmente não tenho conseguido reverter essa libertação de telas e dopamina 100% nos meus estudos e leituras porque o trabalho e a faculdade tem consumido meu tempo quase que inteiramente e por esse motivo estou contando os dias para o fim do semestre. Não vejo a hora de poder ler meus livrinhos e retomar meus estudos sobre a Grécia Antiga. 

Algumas coisinhas têm me acompanhado nesse momento de introspecção e silenciamento interno.

#1 - músicas e artistas novos:


criei uma playlist chamada "graças a Deus conheci Radiohead em 2025" | não gostei do álbum novo da Taylor e os meus streamings refletem as minhas primeiras e únicas tentativas de ouvir | também descobri Jeff Buckley!!! | linkin park!!! Menos de um mês para o showwwww aaaaaaaaa | álbum novo do twenty one pilots e da hailey!!!

#2 - entretenimento
Say Yes to The Dress: seriado com 23 temporadas sobre noivas que vão até uma loja de Nova York para comprarem o vestido de noiva perfeito - estou julgando como se não houvesse o amanhã e me divertindo :D | um vídeo favorito: "how did the world get so ugly?" (como o mundo ficou tão feio?)


#3 - livros
estou relendo as cartas do Van Gogh para o irmão dele e tô registrando no good reads! | estou lendo um clássico da historiografia: "Que é História?", pois sou quase historiadora e eu amo estudar História <3 | também estou fazendo uma leitura espiritual: "Cristo versus Satanás em nosso dia a dia: A batalha cósmica entre o bem e o mal" e estou aprendendo várias coisas interessantes sobre assuntos banalizados pela cultura ocidental moderna como exorcismos e coisas relacionadas.

    Sim, eu sei que os livros de cima estão destruídos, mas fazer o que? 
Não deveria ter comprado eles no sebo, mas já que tenho aqui vou ler, né? |
O de baixo, sobre a Grécia, foi uma recomendação do prof. Ricardo da Costa
no último curso que fiz dele sobre História da Arte.

No fim, ando percebendo que o tal "detox de dopamina" talvez não seja sobre se livrar totalmente da internet ou algo assim, mas sobre lidar e controlar nossos impulsos diante dela. Continuo ouvindo música e assistindo vídeos legais no Youtube... enfim, fazendo tudo o que gosto na internet, mas de maneira consciente, reconhecendo a hora de parar e de silenciar. Pareço uma criança sendo reeducada e isso me deixa feliz :)

Falei demais e deixei o post meio poluído visualmente, mas a vida é meio caótica também. Até mais!