segunda-feira, 29 de abril de 2024

Registros outonais (e Fernando Pessoa)

Canção de Outono (1910)

No entardecer da terra,
O sopro do longo outono
Amareleceu o chão.
Um vago vento erra,
Como um sonho mau num sono,
Na lívida solidão.

Soergue as folhas, e pousa
As folhas volve e revolve
Esvai-se ainda outra vez.
Mas a folha não repousa
E o vento lívido volve
E expira na lividez.

Eu já não sou quem era;
O que eu sonhei, morri-o;
E mesmo o que hoje sou
Amanhã direi: quem dera
Volver a sê-lo! mais frio.
O vento vago voltou.






Fotos tiradas em uma câmera digital do modelo Sony Cyber-shot DSC-W320.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Pequenos momentos #5 | carta de Páscoa, livros e muita natureza

Posso dizer que esse é um vlog mensal? Acho que sim, hehe.

Neste vídeo reuni diversas imagens que registrei durante o mês de abril por aqui. Gravar esses vídeos funciona até como um exercício para mim, pois confesso que muitas vezes me pego extremamente entediada com a minha rotina e com os dias comuns, no fim eles parecem todos iguais. Por isso, registrar esses pequenos momentos e ter certa sensibilidade para identificá-los é uma forma de exercitar a minha visão em relação às coisas ao meu redor.

Mostrei para vocês a carta de Páscoa que recebi de uma amiga muito querida bem no domingo de Páscoa (Eu também ganhei ovos de páscoa artesanais maravilhosos), as minhas leituras do momento e um pouco do jardim da minha casa.

Particularmente, esse vídeo foi o meu predileto até agora. Quem sabe eu crie coragem e apareça em algum deles para falar sobre algo :P.



terça-feira, 23 de abril de 2024

BEDA #3: 3 das minhas pinturas sacras prediletas

As aulas de artes sempre foram as minhas preferidas no colégio...

Eu ficava super frustrada em saber que eu teria que esperar mais uma semana para poder ter aqueles 50 minutos de aula novamente. Sempre me interessei pelos conteúdos e pelas aulas práticas que os professores costumavam propor. O meu lado artístico sempre esteve presente.

Conforme os anos foram passando eu acabei deixando alguns hobbies de lado, entre eles, o desenho. Durante a minha adolescência eu praticamente não lia, mas tinha o desenho e a fotografia como hobbies. De certa forma, a arte sempre esteve presente na minha vida. Hoje em dia, grande parte do meu tempo é dedicado à leitura: por hobby/lazer ou não, eu sempre estou lendo algo por aí. Historiadores precisam ler muito. Contudo, eu ainda espero poder aprender novos hobbies, como bordado e pinturas em telas.

Eu sempre tive muito apreço por artes plásticas e mesmo que elas não estejam tão presentes na minha vida, eu sempre busco ter contado com pinturas e esculturas mesmo que digitalmente. Eu tive uma professora, no ensino médio, que nos ensinou a fazer análises de pinturas. Eu não dei o valor que deveria, mas hoje sou muito grata a essa querida. 

Não pretendo fazer nenhuma análise por aqui, mas gostaria de compartilhar três das minhas pinturas favoritas da vida.

1. Tempestade no Mar da Galileia, do Rembrandt (1633).


Esta pintura do Rembrandt está perdida desde a década de 90! Seja onde estiver, espero que ela esteja bem preservada. Acho bem difícil retornarem ou encontrarem a pintura depois de tanto tempo. De qualquer forma, a internet nos proporciona ver essa pintura do século XVI tão bela. A cena retrata uma das minhas passagens preferidas do Novo Testamento:

Subindo para uma barca, o seguiram seus discípulos. E eis que se levantou no mar uma grande tempestade, de modo que as ondas alagavam a barca, Ele, entretanto, dormia. Aproximaram-se dele os discípulos, e acordaram-no, dizendo: "Senhor, salva-nos, que perecemos!" Jesus, porém, disse-lhes: "Porque temeis, homens de pouca fé?" Então, levantando-se, imperou aos ventos e ao mar, e seguiu-se uma grande bonança. Eles admiraram-se, dizendo: "Quem é este, a quem obedecem até os ventos e o mar?" (Mateus 8,21-27).

2. Cristo no deserto, de Ivan Kramskoy (1872)

Os russos parecem ter uma sensibilidade surreal em relação à arte. Essa pintura é uma das minhas preferidas justamente por conta da crueza retratada nos detalhes. O céu sereno no fundo entra em contraste com o primeiro plano onde as cores e a estranha brutalidade do deserto demonstrada nas rochas me faz quase que entrar neste quadro e sentir uma brisa gelada no rosto. Também consigo imaginar um silêncio particular que só aqueles que tem a oportunidade de conhecer um deserto podem experimentar. 

3. A manhã da Ressureição, de Evgeny Demakov (1998)

Mais um pintor russo por aqui. O que me chama atenção nesta obra são as cores frias. Também tenho esse quadro como imersivo: consigo imaginar um clima gelado no domingo da Ressureição. Os únicos tons quentes no quadro são os da esquerda que quase somem comparados aos demais tons do quadro. Ao observar bem a pintura conseguimos perceber certo movimento nas roupas das personagens e nas árvores que aparecem no fim do túnel.

Bônus (?): Pedro e João correndo para o túmulo, de Eugène Burnard (1898)

Mais uma pintura de bônus, hehe. Esta, além de compartilhar o mesmo tema com a obra anterior, também compartilha certa semelhança. Os tons mais quentes aqui são mais presentes, mas, em contrapartida, também conseguimos notar certa frieza. As expressões das personagens são retratadas de forma magnífica aqui. Dá para imaginar o conhecimento do pintor ao retratar expressões tão complexas de forma tão clara? É algo a se pensar.

Este post faz parte do projeto BEDA.