domingo, 22 de junho de 2025
Pequenos momentos #9 | um domingo católico
segunda-feira, 16 de junho de 2025
Um artigo rejeitado.
segunda-feira, 26 de maio de 2025
Notas sobre História da Arte: Grécia Arcaica e Clássica
Estou fazendo um curso do professor Ricardo da Costa sobre História da Arte Antiga e Medieval e apesar de estar fazendo anotações no meu caderno, pensei que seria legal e interessante deixar registrado aqui também algumas das minhas impressões sobre as aulas conforme for assistindo.
Uma coisa que o professor disse na primeira aula é que dentre os estudiosos de Humanas, o historiador da arte precisa ser o mais interdisciplinar e isso faz muito sentido já que uma leitura profunda dos objetos artísticos em questão exige um conhecimento que vai além da técnica propriamente dita: o estudioso precisa de conhecimento histórico, sociológico e, claro, cultural se quiser entender os mais profundos pormenores de qualquer peça de arte, sejam pinturas, sejam escultura ou o que quer que seja.
Meu desejo é estudar mais profundamente a Grécia Antiga e será muito proveitoso para mim entender mais do desenvolvimento da arte na Antiguidade já que os objetos produzidos por eles que chegaram até nós são reflexos materiais do desenvolvimento das ideias que floresceram no seio do povo grego, a ideia de Beleza é um desses principais exemplos.
Falando em Beleza, o professor trata bastante dessa questão dos conceitos transcendentais do ser refletidos na Arte. Aproveitei aqui para pegar o meu caderno anterior onde tenho mais anotações sobre essa questão e encontrei coisas interessantes:
2. A Beleza resulta do somatório do Bem e da Verdade;
![]() |
Na esquerda: Kleobis e Bíton (c. 580 a.C) de Polímedes de Argos. Na direita: Discóbolo (c. 450 a.C) de Míron. |
segunda-feira, 12 de maio de 2025
Trechos do capítulo “Gibraltar pela manhã" - Egito, Eça de Queiroz
Comprei este livro no sebo ano passado por indicação de uma pessoa (que não faço ideia de quem seja), mas que comentou que era um livro belíssimo, interessante e raro. Não lembro quanto paguei, mas valeu muito a pena. Esta edição que tenho aqui é portuguesa, de Lisboa, e é de 1945 (80 anos!).
Estava aqui na prateleira em cima da mesa e a peguei despretensiosamente para dar uma folheada já que estou tendo a matéria de História da África na faculdade. Já posso dizer que a beleza material do livro faz jus à beleza dos próprios escritos e é justamente por esta beleza que decidi escrever essas notas aqui (o livro tem 80 anos então não vai dar para escrever nele e por isso preciso externalizar minhas impressões já que só assim retenho melhor o que li).
São notas de viagem que o autor português do século XIX fez em uma viagem de 2 meses, entre outubro de 1869 e janeiro de 1870, pela costa portuguesa e espanhola, pela ilha de Malta e, finalmente, pelo Egito.
Apreciem essa beleza comigo :)
Trechos de "Gibraltar pela manhã"
Quarta-feira - Outubro
[...]
O ar do Outono amarelecia e despojava levemente todo aquele povo de árvores. Passávamos por diante de cottages, de jardins, de pomares, e sempre, através dos ramos, para além das casas, entre as ramagens ou no entrelaçamento dos troncos, luzia, azul como uma pupila humana, a água infinita do Mediterrâneo.
[...]
Nada há igual à sensação de se caminhar assim entre arvoredos, vendo sempre reluzir o fino azul da água. Descansámos um momento num jardim cheio duma doçura infinita. Toda a sorte de árvores, de ramos delgados, se entrelaçam, se prendem e limitam o horizonte, deixando-o entrever apenas, sereno e azulado, para além das suas ramagens. E aquilo, ali, um centro suave, longe do mundo, estreito e ao mesmo tempo ilimitado, onde a vida e a sensação se espiritualizam e se confundem com o alto pensamento vital das coisas. A vida, o ruído, os soldados, os uniformes vermelhos, as trombetas, os véus das mouras – nada ali chega: uma muralha de árvores, de relvas de plantas, isola aquele lugar de contemplação. Só se vê o mar, o céu azul, as montanhas, tudo quanto é sereno e inefável. Nada da vida material ali cativa a alma. As finas sensações delicadas, as percepções inteligentes, florescem, envolvem o espírito. Senta-se a gente, e olha, e contempla: não tem ideias, nem observações, nem crítica – mas apenas uma vida inerte, tão divinamente passiva como a vida das coisas.
O mar, o céu, os montes, a luz, penetram-nos, vivem em nós, embalam-se e 6 resplandecem na nossa alma. Sente-se que aquela região deve ser habitada por espíritos. Pensa-se apenas em coisas leves, onduladas, transparentes: em linhas puras, em sensações simples – e a nós, homens inquietos e nervosos, corroídos pelas aflições da realidade e pelas dores do trabalho, a primeira ideia que nos vem é a de esquecer, ficar ali esperando a vida, como a esperavam as antigas almas dos poemas de Homero nas serenas e nubladas regiões inferiores! Ali, se o homem pensasse em construir, só lhe lembraria a linha pura, a reta suavíssima ou a lenta curva toda aberta ao dia e à luz. Se o homem pensasse em soltar a voz, fá-lo-ia cantando – e parece que todo o pensamento humano deveria ter naquelas paragens a modulação natural dum verso de Virgílio. Ali, as coisas imensas têm a perfeição das coisas delicadas: o mar lembra uma pervinca (1), o céu uma ametista. Aquela região é a pátria das almas.
Imagem aérea de Gibraltar |
sexta-feira, 18 de abril de 2025
As árvores movem o vento?
Um dia desses peguei, na estante para dar uma folheada, o Tremendas Trivialidades, livro de crônicas de um dos meus autores preferidos: G.K. Chesterton, e me deparei com minhas marcações do ano passado.
Em um destes contos, intitulado "O vento e as árvores", Chesterton esboça uma ideia profundamente significante para a nossa compreensão da realidade à partir de uma simples analogia:
"(...) As árvores representam todas as coisas visíveis e o vento as invisíveis.
(...) O vento é filosofia, religião, revolução; as árvores são as cidades e civilizações."
Ora, é até compreensível pensar que as árvores movimentam o vento, aliás, é a crença de praticamente todos filósofos ou sociólogos por aí. Porém, se nos atentarmos ao desenrolar da História, veremos que a realidade é um tanto quanto contrária a tal crença: "só sabemos que há uma revolução real porque todos os topos de chaminé enlouquecem em todo horizonte da cidade."
Chesterton até afirma: "ninguém jamais viu uma revolução". As armas, prisões e enfrentamentos são somente os resultados da revolução. Lembrem-se: é a árvore que move o vento. A consciência que dita a realidade: o contrário é uma afirmação marxista.
Senti que a despretenciosa folheada no livro foi extremamente significativa e simbólica para mim neste momento de estudos para o mestrado. Se me pedissem para explicar o meu interesse dentro da História, eu poderia utilizar essa analogia e dizer: ah, sabe como é... eu gosto de estudar o movimento dos ventos humanos (😅).
Brincadeiras à parte, eu realmente gosto de estudar a parte invisivel da História, eu gosto de entender o desenvolvimento das ideias nas sociedades. No caso do mestrado, quero entender a mudança da mentalidade dos gregos em relação ao que entendiam por perfeito, por ideal e os reflexos disso dentro da História da Educação (sem despensar a literatura, claro).
![]() |
05 de abril de 2025. |
Eu amo árvores. Amo a simbologia das árvores (daria para ficar estudando um tempão sobre isso). Para mim, são uma das coisas mais belas na natureza.
segunda-feira, 7 de abril de 2025
Vídeo: pequenas atualizações sobre minhas leituras
/#2 diário de preparação para o mestrado (o primeiro diário está aqui)
Oi! Depois de meses apareci para falar um pouquinho sobre as minhas leituras do momento.
Queria conseguir gravar com mais frequência, mas acontece que gravo com o celular e não tenho muito espaço, haha. Talvez a solução seja falar menos para deixar os vídeos mais curtos (muito difícil para uma tagarela como eu :D).
No vídeo citei:
1) Eneida, do Virgílio;
2) Apologia da História: ou o Ofício do Historiador, do Marc Bloch;
3) Artigo: História e Literatura: Algumas Considerações, do Prof. Dr. Valdeci Rezende Borges;
4) Mito e Realidade, do Mircea Eliade.
Vou acabar linkando este post com os diários de preparação para o mestrado já que todas as leituras têm relação com a minha preparação.
Até mais!
terça-feira, 25 de março de 2025
Coisinhas bonitas na mesa
domingo, 23 de março de 2025
Resenha: Mito e Realidade de Mircea Eliade
Como havia comentado no meu post anterior, ando fazendo leituras direcionadas ao desenvolvimento do meu projeto para o mestrado. Também havia mencionado este livro do Eliade, que tinha comprado no sebo mês passado. Fiquei super feliz de já ter lido dois dos três livros que comprei nesse dia, haha. Dá uma sensação de dinheiro bem gasto! E foi mesmo: baita livro!
Foi meu primeiro contato com o autor que, até então, eu só conhecia de nome. Sabia que ele tinha trabalhos significantes no assunto Ciência das Religiões, mas agora que tive contato com um de seus livros pude entender a grandiosidade de seus estudos.
Em Mito e Realidade, o autor romeno nos concede um conceito satisfatório para a ideia de mito e nos apresenta alguns conceitos e questionamentos basilares no que diz respeito à estrutura dos mitos, do pensamento e do comportamento mitológico ao longo da História.
O Mircea Eliade, em vários momentos, deixa transparecer (posso estar errada) que possui uma ideia mais universalista de mitologia no sentido de que ele enxerga várias compatibilidades entre diferentes mitologias dispostas no tempo e espaço, ou seja, ele rastreia características comuns e aproximações entre diversos sistemas mitológicos ao redor do mundo.
![]() |
Meu capítulo favorito foi o VIII: Grandeza e Decadência dos Mitos. |
Durante um bom tempo eu tive dificuldade em entender a diferença entre mitologia & religião e isso porque ambos conceitos nos são apresentados como sinônimos no Ensino Básico. Acontece que a questão não é tão simples quanto parece. O Eliade não comenta sobre isso em Mito e Realidade (pode ser que comente em outra obra), mas outro livro que gosto muito trata do assunto sutilmente: O Homem Eterno, do G.K. Chesterton. Vale dizer que, apesar das similaridades temáticas, ambos livros têm intuitos diferentes: aquele pretende assumir um tom mais acadêmico enquanto este é mais apologético, portanto precisamos compará-los com ressalvas. Como disse: ambos possuem similaridades e em O Homem Eterno, o Chesterton comenta em algumas páginas as diferenças entre mitologia & religião:
Eles [os mitos] satisfazem algumas das necessidades de uma religião, principalmente a necessidade de fazer certas coisas em certas datas, a necessidade das ideias gêmeas de festividade e formalidade. Mas, embora deem ao homem um calendário, não lhe dão um credo. (...) Muitos acreditaram em alguns mitos e não em outros, ou mais em alguns e menos em outros, ou então em qualquer um deles, mas apenas num sentido poético muito vago.
Enfim, acabei entendendo que os mitos não são sistematizados suficientemente como as religiões. Grande parte das mitologias é composta por um arcabouço de mitos maleáveis ao longo do tempo e espaço.
Voltando ao livro em questão, deu para perceber que para uma apreensão mais completa do trabalho e das teorias do autor seria preciso ler outras obras das quais ele constantemente cita ao decorrer do livro. Fiquei com muita curiosidade e já coloquei as demais obras na minha lista de futuras compras.
Uma dessas teorias que aparece frequentemente neste livro é a do Eterno Retorno que é explorada e exposta em outro livro de mesmo nome: O Mito do Eterno Retorno (1949). Aqui, em Mito e Realidade, o autor dá umas pinceladas no assunto que tanto me interessa. Dentro da História, no campo de Teoria da História, lidamos com as Filosofias da História que são teorias que visam conceder um sentido teleológico para história, ou seja: para onde a história está nos levando? E qual é o fim dela? Santo Agostinho inaugura esse campo teórico e especulativo com a sua obra monumental A Cidade de Deus.
Dentro da comunidade historiográfica essas Filosofias da História acabaram caindo em descrédito por várias razões mas principalmente por acreditarem que estas teorias pertenciam mais ao campo da opinião do que ao campo da ciência (no séc. XIX essa dualidade era muito latente). Vejo esse desprezo como um reflexo da ruptura temporal que assombra as mentes modernas já que não há desejo de continuidade temporal: atualmente quase nunca se olha para o passado.
Porém, como disse, é realmente um fenômeno fruto da mentalidade moderna ocidental e o Eliade nos mostra isso ao recorrer várias vezes à concepção do tempo e da História do homem imerso no pensamento mitológico onde, para este tipo de homem, o tempo é algo reversível: os mitos e a recitação destes permitem uma espécie de volta no tempo. Essa predominância da ciclicidade temporal acaba sendo interrompida com o advento da linearidade presente no judaísmo e posteriormente herdada pelo cristianismo: agora a História é dotada de início, meio e fim. Ao que parece, grande parte das mitologias não se preocupa tanto com o fim da História, com a escatologia. Essa importância passa a ganhar espaço com o advento da religião mosaica.
Mas o judeu-cristianismo apresenta uma inovação capital. O Fim do Mundo será único, assim como a cosmogonia foi única. (...) O Tempo não é mais o Tempo circular do Eterno Retorno, mas um Tempo linear e irreversível. Mais ainda: a escatologia representa igualmente o triunfo de uma Santa História. (p. 62)
O Eliade também comenta sobre a existência geral da ideia de "perfeição das origens" que pode ser rastreada nas mais variadas culturas. Essa ideia transparece com evidência no comportamento religioso e mitológico: existe uma reverência para com o passado, mais precisamente, para com a origem de tudo:
A renovação ritual da ordem, um dos elementos simbólicos desenvolvidos dentro das civilizações cosmológicas, por exemplo, atravessa toda a história da humanidade (...) porque a queda da ordem da existência e o retorno dessa ordem constituem um problema fundamental da existência humana. (p.50)
E é justamente desta ideia que surge, por exemplo, o Mito das 5 Idades do Hesíodo que buscava tentar explicar a degradação do Homem.
Acredito que muitas pessoas que têm contato com mitologia grega já tenham se deparado com alguma frase do tipo: "os gregos não acreditam mais em seus mitos" ou, mais precisamente: "As religiões da Grécia Antiga desapareceram. As chamadas divindades do Olimpo não têm mais um só homem que as cultue, entre os vivos" como escreve o Thomas Bulfinch logo na primeira frase de sua obra O Livro de Ouro da Mitologia. Mas, tá... e aí? Como isso aconteceu? Como uma civilização inteira passa a desacreditar em sua própria mitologia?
O Eliade dá uma boa pincelada neste assunto e já começa o livro citando Xenófanes (c. 565-470 a.C), o primeiro filósofo a enfrentar o politeísmo grego da época. A partir daí, os mitos passaram a se despojar progressivamente o mythos de seu valor religioso e metafísico.
Fica bem claro que esse processo tem relação com o advento da Filosofia, tema este que até comentei brevemente no post passado aqui do Blog. Os primeiros filosofos passam a dar mais crédito ao entendimento de uma "'situação primoridial' que precedeu a história." Agora o foco era buscar tentar entender a fonte, o princípio, a arché, aquilo que sustentava todas as coisas. O homem passa, progressivamente, a se ver como centro do Cosmo, como centro da Criação. Agora a necessidade era de entender o mistério do aparecimento do Ser.
Enfim, queria comentar sobre outras questões marcantes do livro, mas percebi que essa resenha está ficando gigante. Espero poder ler mais Mircea Eliade para poder continuar a escrever sobre esses assuntos interessantíssimos.
Até mais!
domingo, 9 de março de 2025
Notas sobre a Grécia Antiga: geografia, mitologia e leituras do momento
Ainda não tenho o que atualizar no diário de preparação para o mestrado, mas queria compartilhar algumas coisas legais que tenho aprendido na busca pelo tema do meu projeto. Como comentei, minha inclinação inicial me leva para a Grécia Antiga, mas o meu interesse mesmo é a civilização greco-romana/ocidental como um todo. De qualquer forma, vamos iniciar pelo começo, não é mesmo? Até porque essa nomenclatura abrange milênios (rindo de nervoso).
Estou revendo meus estudos sobre a Grécia de quase 2 anos atrás que foi quando tive História Antiga na faculdade. Infelizmente, como quase tudo na faculdade de História, estudamos tudo muito breve e superficialmente, mas agora posso me dedicar ao aprofundamento deste recorte temporal, especificamente.
O que ando lendo:
1) Mito e Realidade, do Mircea Eliade
2) O universo, os deuses e os homens, do Jean-Pierre Vernant
3) Capítulo "O Homem e as mitologias" de O Homem Eterno, do G.K. Chesterton
4) Trechos de livros e apostilas sobre a história da Grécia
Para início de conversa: eu sou meio obcecada por mapas e não poderia deixar isso passar batido. Eu amo estudar com mapas do lado, isso amplia bastante o entendimento histórico. O mapa/a geografia da Grécia é muito interessante por vários motivos, mas diria que, principalmente, por ser um território relativamente pequeno que condensa muitas características "anormais": uma península acidentada e super montanhosa no centro; muitas ilhas minúsculas e outras consideravelmente grandes; a presença imponente de três mares diferentes.Página do meu caderno (commonplace book?)
É legal considerar que em diversos momentos da História a Geografia se impõe sobre as sociedades - suas culturas, hábitos, organizações, etc - e a história da Grécia nos mostra isso muito bem: os gregos, desde o principio, foram impulsionados para o mar, para a navegação. As cadeias montanhosas no centro da Península isolavam os assentamentos e aldeias. Os mares acabavam sendo as grandes rodovias da Grécia. Inclusive é muito interessante notar a presença da água nos mitos e nas epopeias gregas, e não é à toa que encontramos muitas divindades e entes aquáticos: Poseidon, Têtis, Ponto, Cila e por aí vai.
Outra questão que tem me gerado curiosidade desde o ano passado é uma questão que nos apresentam brevemente no Ensino Médio: o que propiciou o surgimento da Filosofia na Grécia Antiga? Quais foram os elementos presentes que possibilitaram o progressivo despojamento do pensamento mitológico? Giovanni Reale e Mircea Eliade falam sobre isso.
Acontece que, lentamente, os homens deixaram de se ver como parte do Cosmo para se enxergarem como centro do Cosmo. Os mitos cosmogônicos, sobre a origem de tudo, não bastavam mais. Era preciso "atingir a fonte primacial de onde jorrou o real, de identificar a matriz do Ser" segundo o Eliade em Mito e Realidade. Em outras palavras: os gregos passaram a desmistificar a própria mitologia, o que não significa que o pensamento mitológico foi abolido. Inclusive, há de se perguntar: o pensamento mitológico pode ser abolido da experiência humana? Alguns dizem que na modernidade isso aconteceu e eu não concordo. Só para complementar: deu para notar que o surgimento das cidades, da pólis, tem influência direta no surgimento do pensamento filosófico.
Enfim, eu não sou estudante de Filosofia, mas me interesso pelo assunto. Infelizmente eu não posso estudar isso com mais profundidade no momento, mas sem dúvidas pretendo voltar para essa questão no futuro.
Por último, queria comentar sobre o livro 2 da listinha ali de cima. Estou quase terminando e quando finalizar pretendo escrever um pouquinho sobre ele aqui no blog. Até o presente momento posso dizer que estou gostando, mas que não recomendaria não, haha. O Livro de Ouro da Mitologia segue sendo o meu favorito. Nesse livro do Vernant ele narra alguns dos mitos sob uma perspectiva mais simbólica, que me agrada muito, mas para iniciar na mitologia não considero uma boa porta de entrada. Depois falo mais sobre. Apesar das ressalvas o livro traz umas análises e leituras sobre alguns mitos, como o de Prometeu, que valem à pena serem destrinchadas.
Até mais!
sexta-feira, 7 de março de 2025
#1 Fotos que não quero perder
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
Resenha: O Idiota de Fiódor Dostoiévski
Depois de 829 páginas e 2 meses e meio finalizei o maior livro que li até hoje, mas isso não importa muito não.
Só queria deixar registrado que: eu fiquei com muita vontade de ler este livro durante um ano inteiro e quando finalmente pude comprá-lo, fui com muita sede ao pote para poder ler. Mas, aconteceu que as 829 páginas se tornaram mais longas do que já são e, consequentemente, minha leitura se estendeu por longos 2 meses e meio. Eu não estava esperando que isso fosse acontecer e acabei me frustrando um pouco.
Este foi o meu primeiro calhamaço do Dostô e russo também. Eu já havia lido obras menores do autor e a minha preferida continua sendo Memórias do Subsolo que, aliás, já comentei brevemente por aqui também. Claramente não recomendaria O Idiota caso você esteja querendo começar a ler Doistoiévski. Acredito que Noites Brancas ou Gente Pobre sejam boas portas de entrada, mas O Idiota definitivamente não entra nesta lista (na minha opinião).
Isso porque o ritmo é lentíssimo e, por vezes, quase imóvel. A quantidade de personagens e visitas à casa de terceiros parecia interminável, tanto que procurei por ajuda para conseguir entender as relações entre os 350 personagens (sem contar os nomes russos que pelo amor de Deus) e encontrei um mapa dos personagens no Reddit que me ajudou bastante!
Mas eu não quero ficar só reclamando. O livro tem sim seus altos e baixos, sendo que as partes altas da narrativa são bem memoráveis.
Em O Idiota, somos apresentados a Míchkin, nosso protagonista, que após longos anos de reabilitação nas montanhas verdejantes da Suíça, volta à Rússia, sua terra natal. Acontece que Míchkin, ou o Idiota, recebeu tal apelido por conta de seu comportamento peculiar já que era bonzinho demais (com o decorrer da narrativa nos questionamos: a bondade é fruto do estado epilético de Míchkin ou não?). Ao chegar na Rússia, Míchkin é apresentado, aos poucos, à rede de personagens que acompanhamos na longa trama. O Príncipe, como também é chamado, se choca com a realidade de decadência moral da qual, até então, não tinha tanto contato. Conhecemos outros personagens significativos para Míchkin, como Nástassia e Agláia, que acabam por formar um triângulo amoroso com Míchkin, e Rogójin, um homem extremamente soturno e misterioso, que também compartilha de um mesmo interesse com o Príncipe. Interesse este que, de certa forma, levará ambos à ruína.
O enredo, à primeira vista, pode ser tido como simples. Mas conforme os capítulos vão passando, somos imersos em uma narrativa caótica, recheada de discussões altamente filosóficas (marca registrada do Dostoiévski, aliás). Em muitos momentos consegui enxergar conexões entre esta obra e Memórias do Subsolo que parece fornecer uma sustentação psicológica para várias obras do autor.
Não conseguiria esmiuçar muitas partes aqui até porque, como disse, foi o maior livro que já li até hoje e é um baita tijolo. Por isso, gostaria de destacar algumas partes memoráveis durante a minha experiência de leitura.
A primeira delas se encontra logo nas primeiras páginas onde acompanhamos Míchkin narrando uma quase execução que presenciou na França. A carga emocional que tal narração carrega é impressionante. Neste momento, consegui encontrar nas entrelinhas uma grande conexão com Memórias do Subsolo, como comentei ali em cima: aqui, Dostoiévski traz, novamente, uma discussão acerca da consciência, seu peso e sobre como a consciência de algo pode se tornar uma doença. Neste caso, Míchkin narra a dor na consciência de alguém que sabe que a morte se aproxima:
Há uma sentença; e toda a medonha tortura jaz no fato de que não há, certamente, meios de escapar. E não há, no mundo, tortura maior do que esta.
Outra parte marcante e chocante é a narração do ataque epilético de Míchkin. Simplesmente UAU. Torna-se ainda mais impressionante quando recordamos que Dostoiévski também era epilético e que, neste caso, ele estava narrando algo totalmente familiar a ele mesmo. Este capítulo foi, sem sombra de dúvidas, um dos pontos altos do livro para mim e DIGO MAIS: uma das coisas mais bem escritas que já li. Eu só consigo tecer elogios ao Dostô.
Acompanhamos os momentos antecedentes ao ataque e a descrição dos sintomas: confusão, dissociação, tontura, adrenalina alta, paranoia e a alta percepção de sua autoconsciência são alguns dos estados mentais descritos magistralmente pelo Dostoiévski. Percebam que o assunto da consciência vem à tona mais uma vez.
Também gostaria de lembrar da citação de uma pintura intitulada O Corpo do Cristo morto na Tumba (1520-1522) do alemão Hans Holbein:
Creio que, via de regra, os pintores que pintam Cristo na cruz ou depois de descido dela timbram em manter uma extraordinária beleza no Seu rosto. Esforçam-se por preservar essa beleza mesmo em Suas mais tenebrosas agonias. No quadro de Rogójin (a pintura de Holbein) não havia o menor vestígio dessa beleza. (...) Evidencia o bem o cadáver dum homem, um ex-homem, a natureza dum ser que acabou. (...)
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
Diário de preparação para o mestrado: primeiros passos
Oi! Este é o meu primeiro diário "do mestrado". Bem, eu ainda não estou NO mestrado, mas espero poder registrar tudo: desde a minha preparação para o processo seletivo até o mestrado em si (se Deus quiser).
Mas não vamos pular etapas! Vamos começar pelo começo, pois quero fazer uma breve introdução.
Eu sou a Camila e neste momento estou cursando o 7º semestre da faculdade de História na Universidade Católica de Brasília, portanto me formo no fim deste ano de 2025. Tenho aproximadamente 1 ano e meio até o inicio das aulas do mestrado, caso eu seja aprovada. Pretendo ingressar no Programa de Pós-Graduação da UnB (Universidade de Brasília) e não tenho planos de ingressar em outro programa, pois não pretendo me mudar do DF.
Minha graduação (que inclusive descrevo melhor neste outro texto) me habilita apenas como licenciada, o que significa que: 1) eu posso dar aulas, mas escolhi priorizar o mestrado; 2) não tive as matérias do bacharelado que focam em pesquisa acadêmica.
Já pensava nessa possibilidade de fazer mestrado há um tempo, mas só agora no início deste ano que acabei tomando a decisão final mesmo. Eu nunca havia ouvido falar de vida acadêmica até o meu ingresso no Ensino Superior. Na escola esse assunto é inexistente. Gosto da ideia de poder trabalhar ensinando e estudando ao mesmo tempo e considero que seja um bom caminho a seguir, apesar de todos os obstáculos e partes negativas inerentes ao exercício da docência no Brasil (mas que profissão que não tem suas complicações, não é mesmo?).
Sobre o processo seletivo
Como disse: eu tenho 1 ano e meio até o início das aulas, mas somente 1 ano para o início do processo seletivo, que dura alguns meses, e que é bem longo já que é dividido em algumas etapas.
Neste 1 ano preciso me preparar para: uma prova escrita; uma prova de compreensão de textos em Inglês e para uma prova oral, além de já ter que apresentar o meu projeto.
O que me amedronta, por assim dizer, é o projeto de fato. Eu não tive introdução à pesquisa acadêmica, o que significa que precisarei correr atrás de todo esse arcabouço teórico para pesquisas em História (que por sinal são bem complexas) e, ao mesmo tempo, precisarei pensar no projeto em si, que é erguido pelo tripé: recorte espaço temporal, fontes e metodologia.
Sobre o projeto
Já tenho certa ideia do que quero pesquisar e digo isso porque se não tivesse nenhum interesse latente não sei se inventaria de fazer mestrado por agora. Percebi que, ao menos em História, o pesquisador precisa ser instigado pelo seu objeto de estudo. No meu caso, até o presente mo, meu interesse está direcionado para a Antiguidade e mais precisamente para a Grécia Antiga. Gostaria de ficar no universo da cultura, representações e ideias. Gosto muito de estudar mitologia, simbolismo e educação e acredito que meu projeto vai ser erguido por este tripé.
Ano retrasado, depois que li a Ilíada, eu fiquei extremamente interessada em entender como o que para nós é tido como vício, para eles, era tido como virtude, como também, entender como era possível que ideais tão distantes dos nossos poderiam ter influenciado tanto a formação da civilização ocidental. O que nos aproxima deles é mais decisivo daquilo que nos afasta? Isso me chamou atenção.
Foi dessa curiosidade que surgiu o meu artigo "A manifestação de valores na Paideia grega: uma análise do papel formativo de Homero" onde investiguei, brevemente, o escopo moral na formação dos gregos.
Sei que posso me aproveitar da breve experiência que tive ao escrever este artigo, mas agora, para o mestrado, a preparação precisa ser mais robusta já que preciso estruturar formalmente a minha dúvida, ou seja, preciso formular um projeto convincente e bom. Preciso fazer com que se interessem pela minha curiosidade também.
Os primeiros passos
quarta-feira, 8 de janeiro de 2025
Pequenos momentos #8 | o segundo semestre de 2024: estágios, sebo e morangos na hora de casa
Depois de um looooongo tempo desengavetei um mini-vlog! O último que postei tem já faz 5 meses.
Eu comecei a gravar este logo depois do anterior, mas confesso que a parte da edição é meio chata. De qualquer forma, eu gosto muito de gravar esses vídeos e quero continuar agora em 2025. Aqui no blog deixo meus registros escritos, mas a ideia de criar registros visuais também me agrada muito.
Neste vídeo compilei pequenos pedaços dos meses de agosto à novembro do ano passado. Queria poder gravar vídeos longos e mais detalhados, mas eu uso o celular para gravar e editar e o bichinho não aguenta o tranco. Quem sabe futuramente eu consiga uma câmera legal para gravar e poder conversar mais.
Até mais!
terça-feira, 7 de janeiro de 2025
Troca de cartas do Natal de 2024
O Natal chegou mais uma vez e com ele, pelo segundo ano, a tradição de trocar cartas com minhas amigas.
Nosso grupo começou a tradição no Natal de 2023 e, desde então, trocamos cartas na Páscoa e no Natal. São datas muito importantes para nós enquanto católicas e poder trocar cartas em tais datas só reforça a importância desses dias tão belos e profundamente significativos.
Desde então, nos empenhamos e fazemos coisinhas para enviarmos uma para as outras. Já compartilhei fotos das cartas anteriores aqui no Blog.
Estas foram as cartas que fiz desta vez para minhas amigas:
Minha amiga V. sempre me envia coisas lindas que ela ilustra! Desta vez eu ganhei adesivos (😭) preciosos, um marca-páginas fofíssimo com uma ilustração dela também e um serafim (neste ano lemos a Divina Comédia juntas) com um rosto simpático. Também ganhei sementes de uma flor chamada Cosmos! Espero voltar com fotos dela bem linda. Minha amiga me inspira muito e poder receber coisinhas que ela faz é sempre muito especial.