quarta-feira, 3 de julho de 2024

Sobre perceber quando precisamos nos recolher e atualizações sobre estudos e leituras

Em algum post anterior eu havia comentado sobre como tenho a impressão de que o primeiro semestre do ano passa rapidamente enquanto a segunda parte do ano sempre dura mais... preciso dizer que isso se confirmou esse ano. Sinto como se ficássemos presos aos meses do segundo semestre. A vida adulta realmente muda nossa percepção temporal: quando crianças sentimos o tempo de forma tão suave, parece até uma brisa. E talvez isso aconteça porque não precisamos nos preocupar com muitas coisas exceto com o horário de ir para a escola e coisas do tipo. Conforme crescemos, o tempo parece passar cada vez mais rápido ou talvez devemos considerar o fator internet quando falamos desse assunto, já que essa conectividade excessiva faz o tempo voar e escorrer em nossas mãos. Enfim, esse assunto é logo demais para continuar neste momento.

Eu comecei a escrever este texto pensando em fazer uma espécie de retrospectiva sobre o que aconteceu nos últimos meses por aqui. Especificamente sobre a vida de estudos e leituras já que o blog é, principalmente, sobre isso.

Sinto que nos últimos meses eu passei por uns momentos de reflexão bem introspectivos sobre os rumos dos estudos, das leituras e da vida. Desde o início do ano venho diminuindo substancialmente o meu uso do Instagram, principalmente. Deixei de lado as fotos bonitas de livros e resenhas das leituras por várias razões, inclusive razões que nem eu mesma consigo descrever ainda. Acredito que o desânimo tenha parte nisso. Também considero que: 1- eu não estava afim de "produzir" nada; 2- eu não estou gostando do que escrevo ou fotografo. E está tudo bem: o importante é continuar (o clichê é verdadeiro neste caso). E, inclusive, esse texto faz parte dessa tentativa de perseverança.

Estas reflexões têm me feito pensar sobre a necessidade de afastamento em certos momentos da vida. Afastamento do quê/de quem, necessariamente? Neste caso, eu diria que distanciamento do tumulto, da necessidade de ser visto ou validado. Pode ser que em algum momento extremamente específico de nossas vidas nós precisemos destas coisas, mas tenho quase certeza quem 90% dos casos estas coisas não são uma necessidade. A vida de grande parte das pessoas acontece ordinariamente dentro das casas, nos ônibus, nas universidades... Abraçar a ordinariedade da vida faz bem para a nossa sanidade. 

Dito tuuuudo isto, eu vendo entendendo melhor que as leituras que eu faço ou preciso fazer por conta da faculdade, por exemplo, fazem parte de dois compartimentos na minha vida: o do entretenimento e o da formação, sendo que os dois não estão separados, mas sobrepostos. Graças a Deus, eu posso mesclar e entrelaçar os meus estudos da faculdade com os estudos que surgem dos meus interesses e isso me possibilita explorar diversos assuntos que, futuramente, vou poder utilizar nas minhas aulas e pesquisas.

O que venho explorado desde Abril vem sendo a Divina Comédia do Dante e os temas que podem por ventura surgir durante a leitura. Esta vem sendo a leitura principal do ano desde então. Lendo, mais ou menos, um canto por dia e degustando as notas, as gravuras, as obras de arte relacionada à obra. Não tenho compromisso de terminar até tal data e é isso. Um dos temas que surgiu durante esses meses foi a mentalidade medieval acerca da Astrologia, tema este que torna o mundo medieval tão diferente e tão mais rico que o nosso. Um artigo que li sobre o assunto foi o “Olhando para as estrelas, a fronteira imaginária final: Astronomia Astrologia na Idade Média e a visão medieval do Cosmo" do professor medievalista que tanto admiro Ricardo da Costa. 

Também estou explorando a prova e complementando com as notas de um livro da Dorothy Sayers sobre a parte em que estou agora que é o Purgatório. O livro é maravilhoso, fantástico e tudo de bom. Bendito seja Deus pelos PDFs na internet. Também queria recomendar, para quem gosta de música clássica, esta peça de um moço chamado Liszt inspirada na obra do Dante:


Tem uma parte que parece um filme de terror (mas faz parte do espirito da obra mesmo, afinal o proposito é te fazer sentir o fardo do Inferno, haha).

Tirando a Divina Comédia eu não destaco nenhuma outra leitura a não ser “O Homem Eterno" do Chesterton e “Gente Pobre" do Dostoiévski. Comecei algumas coisas, mas acabei largando ou deixando em stand-by e sabe que eu não me sinto mais culpada por isso? Vida que segue. Uma hora ou outra posso voltar, os livros não vão fugir. Quem sabe depois eu apareça para fazer algum comentário sobre estes que destaquei, mas não garanto.

Sobre os estudos de História mesmo: eu venho estudando um pouco mais de Idade Média por conta da Divina Comédia e tenho me apaixonado cada vez mais sobre o assunto. Também tenho estudado sobre Teoria da História com um grupo de estudos e tem sido muito interessante e frutífero já o assunto foi abordado superficialmente na minha faculdade.

Dando umas pinceladas aqui, outras ali eu vou entendendo como funciona a dinâmica da vida. Eu lembrei de uma frase que gosto: “A path is made by walking" (Um caminho se faz caminhando).

4 comentários:

  1. Também estou numa fase de me afastar das redes sociais, principalmente aquelas que me deixam viciada. Eu sempre notei que quando não passo muito tempo em redes, eu consigo me dedicar a atividades que gosto e que acredito serem mais proveitosas. Espero encontrar um equilíbrio nisso tudo... Mas se tratando do Instagram, eu também não tenho sentido tanta vontade de compartilhar qualquer coisa que seja. Não sei explicar o porquê, só sei que isso acontece. De qualquer modo, que bom que tem o seu blog! <3

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    1. também aconteceu comigo! tanto que comecei até a bordar hehe. fico feliz que eu tenha encontrado um outro cantinho para compartilhar as coisas antes de me afastar mais das redes sociais. obrigada por ter me reintroduzido ao mundo do blog <3

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  2. Falando sobre como uma parte do ano passa rápido enquanto a outra se estende mais, devo dizer que sinto que vivi vidas diferentes, só nesses sete meses do ano. O ano passou e eu nem sequer vi ou pude reflitir melhor sobre tudo.

    Finalmente comecei a faculdade, depois de esperar meses para entrar na federal, tendo que lidar com uma greve logo como caloura (três meses tomando chá de espera). E agora, depois de ter me acostumado com a vida parada, dias e dias de ócio, dormindo e acordando tarde, me encontro em uma rotina desvairada e integral, tendo que me acostumar com a realidade do que é uma faculdade pública - e uma enorme por sinal.

    Sobre o fator internet, devo dizer que senti uma diferença enorme ao ficar sem mexer no celular por horas (porque não o levo para a faculdade, por causa do perigo da cidade onde moro) e só volto a pegar nele quando chego de noite. Foi nessa situação toda que percebi como vivemos uma vida na contemporaneidade com a falta de privilégio de escolher não ficar com o celular ou levá-lo para todo canto. Como não podemos mais escolher simplesmente abandonar as redes sociais porque lidamos com o estresse contínuo de fazer networking para podermos ter mais oportunidades no futuro. Acho que por isso eu tenho recorrido a muitos blogs e sites pela internet, desde o início do ano, porque as redes sociais são cansativas. E pior, entender que no contexto em que vivemos, as redes sociais se tornaram quase que um tipo de obrigação - porque precisamos sempre estar conectados!

    Faço História também (caloura ainda :) porém bacharelado. Mas já estive na graduação de História - Licenciatura por um ano em 2021 até final de 2022, até desistir - porque sabia que a sala de aula não era para mim, e sim a área de pesquisa - e devo dizer, que como caloura, com as aulas tendo começado nem sequer duas semanas direito: estou exausta. E é porque nem sequer começou direito. Mas devo dizer, acho que o que mais cansa são as diferentes visões, que quase nunca entram em consenso, e ainda por cima uma necessidade ferrenha de sempre querer estar acima do que o outro fala ou aponta. E acho que aqui entra novamente as redes sociais: parece que não existem realmente mais profissões. Só se estuda para mostrar nas redes sociais, só se cancela pessoas para crescer nas redes sociais, só se mostra ativo em causas (que, na maioria das vezes, nem sequer se encontra, de forma genuína, interessado) para mostrar para as redes sociais que você se importa.

    Tudo piora quando você se encontra longe da sua família para poder trilhar um caminho. Como no final, da forma que a dinâmica da vida funciona, às vezes, é somente sobre caminhar. Só se vai construindo uma história, um caminho, trilhando ela. Seja caminhos difíceis, facéis, ou até mesmo inúteis. Uma coisa que se aprende em uma aula de introdução básica da História, é que a história em si, é feita de escolhas.

    Maravilhoso texto, Camila! Fico feliz de ter encontrado seu blog. E ainda mais uma 'prima' 😂. Brincadeiras à parte, só porque sou do bacharelado!

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  3. Antes de tudo, queria agradecer pelo comentário e por compartilhar coisas tão pessoais. Seja bem-vindo(a)! :) Fico muito feliz quando encontro aqui alguém do mundo da História! Sinta-se em casa.

    Sobre essa migração dentro da internet: aconteceu a mesma coisa comigo e foi aqui que vim me refugiar, no mundo dos blogs. A experiência está sendo ótima e estou conseguindo conhecer e encontrar pessoas passando pela mesma situação. No fim, todo mundo parece estar bem saturado da internet, né? Mas sinto que aqui no blog podemos nos expressar melhor e nos conectar com pessoas genuinamente interessadas. Nunca que eu falaria assim, tão abertamente, no Instagram, por exemplo.

    Falando sobre a faculdade de História: eu entendo completamente a sua mudança. Eu gosto muito de dar aula e ensinar, mas também me identifico muito com a pesquisa. São dois universos complementares no fim das contas. Ah, e espero que você passe por aqui mais vezes para trocarmos mais figurinhas, haha.

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