sábado, 24 de agosto de 2024

Percebi que listas e metas de leitura não funcionam para mim

Minha vida enquanto leitora mudou muito nos últimos 4 anos.

Eu comecei a ler mais em 2020, durante a pandemia, por influência do meu namorado. Nós criamos nessa época um clube do livro e comentávamos sobre nossas leitura todo dia às 17h. Conseguimos manter a constância durante 1 ano! Posso dizer que foi assim que eu criei o hábito de leitura. Quando eu era adolescente eu lia algo ali e aqui esporadicamente, mas nada muito sério.

Desde então, muita coisa mudou. Eu mudei meus hábitos, comecei a faculdade e entendi os meus gostos no que diz respeito aos livros. Eu também comecei a consumir mais conteúdo na internet direcionado, especificamente, aos livros e, por um lado, isso foi bom porque eu pude conhecer muitos livros e autores interessantes. Muita coisa me despertou interesse enquanto leitora e isso foi positivo.

Porém, nesse meio tempo, como eu disse, eu comecei a faculdade. E na faculdade de história as coisas são bem 8 ou 80: ou você lê, ou você não lê e fica para trás. Por conta disso eu passei a ler bastante todos os dias. Sempre tem um texto, uma apostila, uma leitura complementar te esperando. O ritmo é acelerado. Tenho pouco tempo para tentar absorver o que leio e estudo. Por exemplo, estou estudando História Contemporânea agora e essa matéria cobre todos os eventos importantes do século XX. Hoje mesmo eu li sobre regimes totalitários e crise de 29! Tudo em uma tarde. Isso compromete muito os meus estudos e a eficácia deles (papo para outro texto).

Levou tempo para que eu percebesse que a leitura, no meu caso, não é puro lazer justamente porque faz parte do meu cotidiano e da minha futura profissão. A verdade é que muitas vezes eu estou cansada de ler e isso não foi fácil de entender. Talvez seja por isso também que eu tenha desanimado do meu perfil literário no Instagram. Nem sempre eu quero e estou disposta a ler, mesmo que seja por entretenimento (e está tudo bem).

Assistindo esse vídeo da Bárbara eu me identifiquei com ela no porquê de não conseguir mais planejar as leituras: 

Ela comentou sobre como o ritmo e o percurso das leituras dela é meio 'irregular' se comparado com o padrão das pessoas. Para aquelas pessoas que têm a leitura, os livros e a absorção desses conteúdos como parte do trabalho, as coisas não são e nem podem ser tão simples assim.

Ela também comentou sobre algo que fez muito sentido para mim: sobre como é difícil compartilhar essas impressões sobre leituras e coisas do tipo nas redes sociais quando esse percusso não é regular como o das pessoas que têm a leitura como hobby e entretenimento. Um exemplo bem claro disso é o fato de que não costumo fazer resenhas para as minhas leituras. Eu gostaria de ter mais tempo e mais disposição para fazer comentários sobre as leituras e tal, mas a verdade é que essa não é a minha prioridade agora. Eu estudo lendo e essa é a minha prioridade agora: estudar história; ler, absorver e aprender a compartilhar esse conteúdo de forma didática para os meus alunos e, quando sobrar tempo, ler literatura e incorporar isso ao meu ensino de história e à vida. A literatura é o meu principal hobby, mas entendi que não preciso desesperadamente para cumprir com uma lista ou para provar que sou leitora de carteirinha. Ler X quantidade de livros não me torna menos ou mais leitora que fulano ou ciclano.

Essa questão me fez entender que listas e metas de leitura não funcionam para mim. Eu fiz uma lista de livros para 2023 que tinha uns 7 livros e se eu consegui ler 3 ou 4 foi muito. Significa que eu não li nada? Claro que não. Pulando para 2024: eu apostei na lista outra vez e tentei fazer uma lista compacta, assim como a anterior, e com livros que eu tinha na estante. Ok, esse foi o resultado: 


Metade do ano já passou e eu não li nem metade da lista. Estou desesperada para terminar a lista a todo custo? Não. Durante esses meses eu deixei de ler alguns, comecei outros, finalizei alguns que não estão ali e, principalmente, consultei outros por várias razões. 
Aquela ansiedade que eu tinha para ler muitos livros foi passando no decorrer do tempo, e, com toda sinceridade, posso dizer que isso aconteceu porque eu aprendi a priorizar as coisas. Cada momento tem a sua exigência e necessidade. Acredito que seja importante entender o lugar de cada coisas em nossas vidas. Se gostamos de ler, precisamos responder para nós mesmos: porquê? Para quê? Depois que respondi essas perguntas eu passei a me sentir mais tranquila em relação a essas cobranças que eu tinha comigo mesma. 

Outra coisa que também me ajudou durante esse período foi ter uma lista de leituras que eu desejo muito fazer porque sempre que tenho um tempo sobrando e posso escolher uma leitura eu acabo recorrendo a essa lista. Ah, também lembrei de outra coisa: essas listas que fazemos no início do ano nem sempre fazem sentido conforme as coisas vão acontecendo. De repente, descubro que outro livro pode ser mais interessante naquele momento. Não faz sentido começar uma leitura da tal lista se os meus estudos ou intenções naquele momento não tem nada a ver com o assunto do livro em questão. As coisas precisam caminhar juntas, os estudos precisam fazer sentido e precisam conversar entre si. 

E, claro, estou falando isso me baseando na minha própria experiência enquanto estudante que passa maior parte do tempo lendo não por entretenimento.

Enfim, acho que esse desabafo ficou meio caótico, mas eu queria escrever sobre isso a um tempo.

Eu criei uma conta no Good Reads para registrar as leituras e tal, mas já estou achando que em breve vou acabar abandonando a rede social. 

No momento eu estou fazendo estágio obrigatório (o que vem consumindo bastante do meu tempo), estudando História Contemporânea e lendo a Divina Comédia. Passo, sei lá, 70% do meu dia sentada de frente para o notebook com uns 4 livros na mesa. No final do dia, quais são as chances de querer ler mais? De querer consumir mais conteúdo sobre livros? São quase nulas.

Não sei se as coisas fizeram sentido ou se estou parecendo contraditória, mas é isso. Tchau.

4 comentários:

  1. Quando eu tava na faculdade, só lia as coisas da faculdade mesmo e foi quando eu comecei a ler mais e gostar de ler. Eu fiz uma lista de leitura em algum ano que já não lembro mais, sem prazo e sem pressa, só pra eu saber o que quero ler. Vire e mexe eu concluo uma leitura da lista e vida que segue, vou lendo outros pelo meio do caminho, mas a lista segue lá. Eventualmente eu vou ler esses livros, ou não também. Comigo não funciona metas, pq eu não leio todo mês, passo tempos de pegar num livro e ta tudo bem. Sem falar que eu leio muito mangá, então tem tempos que eu não to afim de encarar um livro. São varias questões que não cabem listas de tbr e metas.

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    1. É isso aí, Lana: sem prazo e sem pressa. No fim, são várias questões mesmo... e acreditar que precisamos cumprir essas listas é um perigo.

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  2. Estou oficialmente a quase dois meses dentro da faculdade de História. E não sei porque, mesmo tendo feito uma licenciatura antes de desistir e seguir para o bacharelado, eu me surpreendi com o tanto de coisa que se precisa ler. E também não sei porque me surpreendi com o fato de eu não aguentaria seguir toda a lista a risca.

    Abri mão de leituras pessoais, e desistido de algumas da faculdade e pulado para algo mais prático. Pra quem vê de fora, pode ser algo realmente chato e até um "nossa, que coisa", mas é porque eu conheço meus limites e minhas capacidades. Eu fico superestimulada muito fácil e rápido, e toda a pressão em cima de mim só piora.

    Eu nunca fui boa com listas. Eu sempre tentei me forçar a seguir a todos os "to-do's" que muitas vezes eu me forço a fazer. Às vezes dá certo, às vezes dá errado. Mais errado do que certo, para eu ser sincera.

    O mesmo vale para minha capacidade de escrever no meu diário quanto no meu blog (que eu fiz como hobbie e para ter um lugar para desabafar coisas mais complexas do que quando eu faço no diário). Mas teve uma hora que eu estava indo contra as minhas próprias palavras de algo que eu até tinha escrito, sobre capitalizarmos nossos hobbies e torná-los produtos - não mais sendo um hobbie, mas se tornando uma obrigação para que eu force um hábito. Tive que parar e me reavaliar, ler minhas próprias palavras, e me lembrar do porquê me propus a fazer aquilo em primeiro lugar. De que eu estava, como tudo na vida, criando uma persona para agradar - às vezes, faço o mesmo com minhas leituras - e por causa disso, toda prática que poderia ser proveitosa e prazerosa, se torna uma tarefa angustiante e ouso dizer, um fardo!

    Tive que me educar e dizer a mim mesmo que eu não posso forçar algo a ponto de se tornar desgantante. Porque já existem minhas obrigações (textos enormes na faculdade) que exigem de mim mais tempo. Se eu fazer isso também com meus outros livros e até mesmo com minha escrita, então perdeu o propósito do porquê eu estava buscando em primeiro lugar. E, entender, que não sou menos simplesmente porque não atingi uma lista enorme de livros, não li milhares de capítulos etc. Eu aprendi que ler um capitulo em uma semana, pode ser um progresso, do que lendo inúmeros capítulos durante o dia, mas sem entender absolutamente nada do que eu li - tudo porque simplesmente quero bater alguma "meta".

    Esse post realmente voltou para reforçar isso!

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    1. Oi, Dulce! Obrigada pelo comentário <3

      Esse momento de ter que abdicar de algumas leituras em detrimento de outras é bem complicado, né? Entender que não podemos dar conta de tudo é um passo dolorido e meio complexo (pelo menos foi para mim). Apesar disso é fundamental para mantermos a sanidade em meio a tantos textos e possibilidades.
      Sobre isso de monetizar hobbies: vi um vídeo exatamente sobre esse assunto no instagram uns meses atrás. Não precisamos ser bons em tudo, né? É dificil entender isso em um mundo onde há tanta comparação. O blog tem me ensinado isso também: eu posso escrever e publicar as coisas mesmo achando que não está tão bom ou algo do tipo. É um hobby, uma maneira de colecionar experiências e memórias...

      Obrigada mais uma vez por aparecer aqui!

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