domingo, 22 de setembro de 2024

Instrução e educação: qual é a diferença?

Nas últimas semanas eu conclui meu estágio no Ensino Fundamental. 

Estudar sobre educação e sobre a anatomia da sala de aula é interessante (e angustiante se considerarmos a situação da educação no mundo atualmente), mas estar em sala de aula enquanto professor é algo totalmente diferente.

A minha experiência de um ano como professora de inglês me possibilitou refletir sobre algumas questões relacionadas a todo o processo educacional, mas acredito que esse estágio tenha me tocado ainda mais. Por isso, eu acabei fazendo algumas leituras e releituras dentro do tema educação

O que andei lendo e/ou consultando:

1) Um artigo do final dos anos 40 da inglesa Dorothy Sayers intitulado The Lost Tools of Learning (As Ferramentas Perdidas da Aprendizagem);
2) Um livrinho chamado Meditar e Aprender do Hugo de São Vitor escrito no início do milênio passado. 
3) Alguns trechos da obra A Formação da Personalidade do Pe. Leonel Franca que reúne textos e palestras que foram dadas pelo autor no século passado. 

O que chama minha atenção e desperta o meu interesse é a compatibilidade entre ideias e valores que existe entre os autores que tratam da boa e verdadeira educação. Veja, todos estes autores da lista acima viveram em tempos e circunstâncias diferentes entre si, mas todos eles possuem um fio condutor que permeia aquilo que defendem em suas obras: o pressuposto de que a educação possui um caráter de interioridade. 

Mas como assim, interioridade? É a ideia de que a educação verdadeira não se sustenta apenas com a instrução externa de quem aprende. A verdadeira educação sustenta-se com a consciência de que o homem, por natureza, possui uma inteligência que precisa ser moldada, polida e cultivada.

A educação, ao contrário da mera instrução, busca elevar o homem e extrair de si mesmo aquilo que está adormecido em seu íntimo. Nesse sentido, a apreensão de conhecimentos das mais diversas áreas, deve estar, primeiramente, subordinada a esse propósito: o de educar a inteligência e a vontade humana. Não apenas instruir os alunos, mas formá-los moralmente, torná-los livres das próprias paixões. 

Nas ideias dos três autores reside a ideia de que a verdadeira educação possui um ideal a ser almejado, ideal este que deseja alcançar nada mais, nada menos que a perfectibilidade adormecida na natureza humana. Essa perfectibilidade traduz-se de forma prática por meio das nossas escolhas e do nosso padrão de conhecimento, segundo o Padre Leonel. 

Tudo isso para dizer que: o que acontece hoje nas escolas não é educação. Sinto lhes dizer. Não há compromisso em forjar o caráter dos alunos, mas somente o de gerar documentos que comprovem ao Estado a formalidade da educação dos alunos. É duro, mas é a realidade. Aprendi isso com o professor Monir Nasser. 
Toda escola que não desce até ao âmago das consciências para aí esculpir as grandes linhas diretrizes da atividade humana é uma escola vitalmente mutilada; poderá instruir inteligências, não formará homens. (trecho de A formação da Personalidade)

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