terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Meus favoritos do ano

No início do ano eu fiz uma postagem aqui no Blog registrando algumas das minhas coisas favoritas do ano até agora. Acho que já posso fazer uma nova lista de favoritos do ano já que 2024 praticamente se foi (também não estou me sentindo muito legal e quero aproveitar o momento para me ajudar a lembrar de coisas boas).


Leituras

Depois de ter lido A Divina Comédia durante 6 longos meses, eu comecei a procurar por um romance romântico para intercalar com a leitura que tinha sido bem densa. Estava sem ideias e acabei recorrendo a minha listinha de clássicos que quero ler + recomendações de amigas. Sei que Jane Eyre é um dos livros prediletos de uma amiga e após ler a sinopse do livro acabei comprando a obra física para que pudesse ler (coisa que geralmente não faço porque tento ler no Kindle ou tento escolher algo que já tenho). 

Não me arrependi nenhum segundo de ter comprado o livro porque simplesmente se tornou um dos meus favoritos da vida. Eu fiquei tão feliz lendo, mas tão feliz que eu não acho que isso tenha acontecido nunca com nenhum livro. Nem sei qual foi a última vez que fiquei tão curiosa com uma história e cheguei a passar madrugadas lendo. Enfim, já estou pensando em uma futura releitura. 

Citei a Divina Comédia e queria fazer uma menção honrosa e ela aqui! Que obra magnífica. Sei que deverei voltar nela muitas e muitas vezes. Estava dizendo que não tinha se tornado um favorito, mas a verdade é que o livro e a experiência de leituras foram tão marcantes que não tem como dizer que não se tornou um favorito. Simplesmente uma das coisas mais belas já escritas. Registrei tudo aqui no blog.

Ah, parece que faz TANTO tempo (e faz quase um ano) que li a Odisseia do Homero, mas não posso deixar de mencioná-la também. Já quero reler, pois esse entrou no meu ranking de livros prediletos da vida. Pense em uma leitura divertida e interessante. Amei tudo ali. E a resenha de Odisseia foi uma das primeiras aqui no blog.

Todas as resenhas citadas estão aqui.

Entretenimento

Tive dificuldade para pensar nessa categoria porque percebi que, neste ano, não consumi muito entretenimento além dos livros (o que gostaria de mudar em 2025). Eu já comentei por aqui que não tenho assinaturas de streaming, ou seja, ou fico no YouTube ou baixo filmes para assistir com meu namorado. Aliás, assisti mais filmes do que costumo durante este ano: foram incríveis 14 filmes (haha). Começamos a rever os filmes do Rocky (que estão entre os nossos preferidos) e no mais assistimos muitas animações. Fomos ao cinemas assistir O Menino e A Garça do Studio Ghibli e amamos a experiência de ir ver uma animação no cinema depois de crescidos! Foi legal demais. 

Lembrei que durante este ano um dos meus entretenimentos principais foi acompanhar os shows da Taylor pelas lives que os fãs faziam kkkkkkk. Sim, eu e minhas amigas nos divertimos demais pensando sobre os shows, as lives, as músicas surpresas. Agora, tudo isso acabou pois a The Eras virou só memória. De qualquer forma, foi uma das coisas mais divertidas do meu ano. Taylor Swift soube garantir nosso entretenimento em 2024. 

E por último, mas não menos importante: em 2024 eu comecei a bordar em ponto cruz! No meio do ano eu comecei a sentir a necessidade de, outra vez, dividir meu tempo de entretenimento com outras coisas manuais além dos livros. E aí eu inventei de começar a bordar em ponto cruz porque apareceu, aqui em casa, um livro com vários motivos de bordado. Percebi que já tinha o queijo e faca na mão e foi isso. Aprendi relativamente rápido, o que me deixou muito feliz ao perceber que eu conseguiria fazer algo que, a princípio, parecia super difícil. Depois de alguns meses já fiz algumas coisas para mim e para minhas amigas.

Música

No início do ano, no primeiro post de favoritos, comentei sobre o Sam Fender, um cantor britânico de indie rock que, aparentemente, está crescendo bastante lá no UK. Bom, meses se passaram e posso dizer que ele virou o meu cantor preferido do momento. Desde então não abandonei mais as músicas dele e, como disse no primeiro post, parece que só fica melhor a cada vez que escuto.
   
Acredito que a preferência vai se repetir em 2025 já que daqui a pouco ele lança álbum novo! 

Minhas menções honrosas: 
1. Álbum Clancy do Twenty One Pilots (ficou em repeat por semanas)
2. Linkin Park!!! (o que dizer do álbum novo + shows + anúncio da turnê em 2025?)
3. TTPD da Taylor! (confesso que não foi um dos meus preferidos, mas não deixa de ser significativo pois ouvi demais em 2024).
4. O Álbum Little Queen da banda Heart (esse álbum tem uns 50 anos e é tão atemporal; mostrei para o meu avô a música de abertura e ele disse: "é rock pauleira" e, depois dessa, estou me considerando rockeira, viu?)

E, para fechar:

Momentos em fotos


Aprendi a bordar e fiz coisas para mim e para amigas.
Enviamos cartas umas para as outras pelo segundo ano seguido.


Comecei a me envolver mais com atividades em comunidade e,
com isso, fiz novas amizades.


Passeei muito com meu namorado: fomos muitas vezes em sebos, duas vezes no parque,
andamos bastante e conhecemos lugares diferentes.


Li livros maravilhosos no meu tempo e sem me pressionar.


Fui ao Carmelo e ao Mosteiro no mesmo dia com uma amiga muito querida.


Tive um aniversário especial com pessoas que amo e um bolo lindo.


Aproveitei e fui em cafés muito bonitos.



Tchau, 2024. Obrigada pelas gentilezas. Que Deus cuide dos nossos passos em 2025.

sábado, 21 de dezembro de 2024

Álbum de fotos: sebos, bibliotecas e livrarias em Brasília-DF

Pequena lista de algumas casas de livros aqui de Brasília. O post ser atualizado com o tempo. Volte sempre!

BCE - Biblioteca Central da Universidade de Brasília (UnB)

Sem dúvidas a biblioteca da UnB é a maior de Brasília: tanto no que diz respeito ao tamanho quanto ao acervo. Eu não estudo lá, mas a entrada é liberada (você só precisa fornecer seu CPF na catraca de entrada). A biblioteca é BEM grande: conta com um andar térreo, o subsolo e o primeiro andar. Em todos os lugares você encontra espaços para leitura e estudo, basta chegar e se ajustar (apesar de que as salas mais privadas parecem ser apenas para alunos). Vale a pena conhecer o espaço. Já fui duas vezes para visitar e considero a organização ok. Senti certa dificuldade para encontrar livros específicos, apesar dos corredores serem identificados.

 


Biblioteca Central da Universidade Católica de Brasília (UCB)

A biblioteca da UCB é bem aconchegante e arejada, coisa que não sinto na biblioteca da UnB. Apesar do conforto, preciso dizer que a disposição da biblioteca me incomoda: são dois andares, sendo o térreo mais movimentado e com menos prateleiras. Para subir você precisa ir pelas escadas ou por uma rampa gigante que cruza toda a parte central do edifício que tem formato de cruz. Acontece que, caso você escolha ficar em cima, vai precisar descer a rampa ou as escadas caso queira descansar ou comer algo. Sobre o acervo: ok; sobre a organização: ok também.


Porão Livro & Café

O sebo mais lindinho da cidade. Apesar de pequeno, é extremamente aconchegante. Acredito que o espaço seja relativamente novo e, por isso, o acervo não é tão grande (até por conta do espaço), mas garimpando dá para encontrar livros legais! Já comprei livros de literatura, arte e não ficção lá. Os preços são mais salgados. Ah, e também dá para tomar um cafézinho por lá. Nós nunca comemos ou tomamos nada lá, mas tudo parece muito apetitoso até por conta da beleza do lugar.







Sebinho Livraria, Cafeteria, Bistrô e Restaurante

O Sebinho é beeem grande, ocupa um prédio inteiro e ainda tem o subsolo. É o sebo que mais frequentamos já que abre até mais tarde no sábado. O acervo tem livros novos e usados, CDs, DVDs e discos de vinil e é bem variado. Já compramos bastante coisa lá, mas tem que ter paciência para garimpar porque o acervo é grande. Recomendo ir sábado de tarde para dar uma olhada nos livros e depois passar no Café, que fica lá mesmo, para comer o brownie com sorvete de creme deles.  



Serve duas pessoas, mas se a fome estiver grande é melhor pedir dois haha

Livraria Pindorama

Em questão de acervo nós temos este como preferido. Digo isso porque já encontramos livros legais e até raros lá. A única coisa negativa a se considerar é que o acervo é um pouco bagunçado. Da última vez que fomos encontrei estes dois livros raros da terceira foto. E, caso você decida ir conhecer o sebo, também recomendo um café que fica na mesma quadra a uns 5 minutos de distância no máximo. Dá para garantir um livro e um cafézinho no mesmo dia. Tem coisa melhor? 




+ Bônus: Castália Sul (padaria e café) que fica na mesma quadra.




sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Trechos do livro: A Vida Intelectual de A.D. Sertillanges

Este post está em construção e novas atualizações podem ser feitas a qualquer momento. Volte sempre! 

Quando pensa bem, o pensador segue os caminhos de Deus. (p.18)

Os grandes homens parecem-nos grandes audaciosos; no fundo, eles obedecem mais que os outros. Uma voz soberana instrui-os. (...) Eles não têm medo, porque, por mais isolados que pareçam, não se sentem sós. Têm a seu favor Aquele que tudo decide afinal. (p.20)

Ser múltiplo por um largo período de tempo é condição para ser um com riqueza (p.23).

Obter sem pagar é um desejo universal; mas é o desejo de corações covardes e de cérebros enfermos (p.29).

(...) Nossa alma, alma única, à qual não houve nem haverá outra igual por todos os séculos, pois Deus não se repete. (p. 61)

A sociedade é um livro que deve ser lido, apesar de ser um livro banal. (p.68)

A solidão é a pátria dos fortes, o silêncio é a sua oração. (p.62)

A verdade só se dá a quem está despojado e muito decidido a dedicar-se unicamente a ela. (p.120)

Nossos contatos com o exterior deveriam ser como os do anjo, que toca e não é tocado, a menos que o queria; que dá e que nada perde, já que pertence a um outro mundo. (p.69) ♡

O que dá valor a uma alma é a riqueza do que ela não diz. (p.69)

O tempo dedicado ao dever ou a uma real necessidade jamais é perdido. (p.67)

Os tempos não se equivalem, mas todos os tempos são tempos cristãos, e há um tempo que, para nós e praticamente, sobrepassa todos os outros: o nosso. (p.35) ♡

Quem conhece o valor do tempo sempre tem o quanto precisa. (p.95) ♡

Toda verdade é prática; a mais abstrata na aparência, a mais elevada, é também a mais prática. Toda verdade é vida, orientação, caminho para a finalidade do homem. (p. 34)

Todas as obras foram criadas no deserto, inclusive a redenção do mundo. (p.60) ♡

Todas as vezes que agimos bem, em conformidade com a situação em que nos encontramos, fazemos um bom uso da vida. (p.67) ♡

Todos os homens se encontram quando mergulham no fundo de si mesmos. (p. 79)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Retrospectiva sobre hábitos de leitura deste ano

Uma semana para o Natal! Tchau, 2024.

Decidi escrever esse texto aqui para o blog porque estava conversando com uma amiga justamente sobre esse assunto. Estava comentando com ela sobre como os meus hábitos de leitura mudaram bastante neste ano de 2024. Pela primeira vez, desde 2022, me senti tranquila em relação às leituras que fiz. Atribuo isso ao fato de que passei grande parte do ano meio inativa nas redes sociais (lê-se: Instagram).

Eu cheguei a fazer uma lista de leituras para esse ano, seguindo o modelo dos anos anteriores, e escolhendo livros que eu tinha na estante, mas não havia lido ainda. Acontece que foi a segunda vez que fiz a tal da lista e não deu certo. Acho que deu para entender que não sou das listas. Aliás, já escrevi sobre isso em um texto de uns meses atrás.

A tal da lista de leituras de 2024 :P 
Ou seja, primeira lição do ano: não teremos mais listas de leitura por aqui. No máximo a seleção de alguns títulos que quero muito ler, mas apenas isso. Não quero impor leituras mensais ou anuais, não dá certo. Prefiro mil vezes ir escolhendo minhas leituras conforme os meses forem se desenrolando até porque não participo de nenhum clube de leitura, portanto, não tenho compromissos com metas. A única meta é: ler menos e melhor.

Então, já listo aqui o primeiro hábito: escolher o que quero ler mesmo sem me ater à listas. Aliás, só um comentário: é super curioso como, mesmo sem calcular ou planejar, minhas leituras sempre conversam entre si. Eu fico muito feliz quando começo a encontrar linhas compartilhadas entre autores diferentes. Possivelmente, isso seria muito menos orgânico se eu tivesse que seguir alguma lista à risca. 

O segundo: ter em mãos alguns títulos que tenho bastante vontade de ler. Isso porque quando finalizo uma leitura tendo a ficar num limbo por uns dias sem saber o que vou ler. Por isso, quero ficar mais de olho na minha tabela de livros que tenho curiosidade em ler. 

Vou adicionando os livros nesta listinha e sempre dou uma olhada
quando estou procurando uma nova leitura.

Outra coisa que fiz esse ano foi usar bastante o meu Kindle. Diria que 60 das minhas leituras este ano foram feitas nele. Falando nisso, eu já deveria ter escrito sobre a minha experiência com o Kindle depois de um ano de uso. Neste ano de 2024 eu o usei bastante: levei para o estágio, sempre o deixei na minha bolsa... 

Ah, eu percebi que tendo a usá-lo mais para literatura mesmo. Não conseguiria ler metade do que leio se não fosse o Kindle já que os livros físicos estão caríssimos. 

Então, deixo como lembrete para mim mesma: continue levando o Kindle para todos os lugares.

O terceiro e último hábito deste ano é bem particular, mas queria registrar aqui porque acredito que possa ser útil para outras pessoas também. Dentro da minha tabela de sugestões eu separei livros curtos, com menos de 200 páginas, para ler entre leituras maiores e mais densas. Quero continuar muito com este hábito porque por conta dele pude ler livros russos maravilhosos. Li todos no Kindle.

No fim das contas, depois desse balanço do ano, consegui desacelerar. Estou um tanto quanto feliz por estar me desapegando de velhos vícios literários (esse termo existe? haha). Sinto que estou amadurecendo enquanto leitora. Tanto em relação aos meus gostos quando mentalidade mesmo. A vontade de ler um livro de cabo a rabo só para contabilizá-lo como leitura no fim do ano tem sumido aos poucos já que tenho aprendido a consultar livros e isso tem feito com que eu leia muito de forma picada, ou seja, tenho lido algumas páginas ali, outras aqui e é isso. Não tem problema em voltar uma leitura "incompleta" para a estante. As pessoas SEMPRE fizeram isso, é normal haha. Não tenho que me sentir culpada por ter usado o livro porque afinal, livros são ferramentas, são meios. Eu não quero vê-los como um fim em si ou sei lá, achar que o número de leituras que fiz ou deixei de faz significa algo... no fim, não importa. O que importa é o que consegui extrair dali, o que consegui conectar com o todo. 

Por fim, parece que todas as nossas leituras e estudos devem formar um grande e único volume nas nossas almas onde tudo se interliga (imagine um super livro cujo título seria algo como: your name's mind, ex.: Camila's mind :P). 

O conhecimento nos conduz à Verdade, afinal de contas, e a Verdade é Una.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Comentários sobre Emburrecimento Programado, de John Taylor Gatto

Finalizei a leitura deste livro dias depois de ter finalizado o meu estágio no Ensino Médio. Confesso que me senti meio rebelde de estar lendo um livro contra o sistema educacional atual dentro de uma sala de aula. Acho que foi o maior ato de rebeldia que já cometi na minha vida (risos).

Este livro já estava na minha lista de desejos da Amazon há um tempo, mas acreditei que seria uma boa hora lê-lo agora por duas razões: 1) porque estava fazendo estágio obrigatório e porque estava lendo livros nesta temática de educação neste segundo semestre do ano; 2) porque estou me procurando um tema para escrever um novo artigo científico sobre educação.

Apesar de ser pequeno e possuir uma linguagem bem simples, o livro é um tanto quanto intragável no sentido de que, dependendo do leitor, você pode acabar duvidando do autor ou pode acabar achando que ele exagerou um pouco. O autor, que foi professor da rede de ensino americana por mais de 30 anos, ficou conhecido pelos seus discursos contra a educação em massa. Parece que muita gente tirou os filhos da escola depois de ler este livro.

É importante saber que o livro não busca ser extremamente teórico ou acadêmico no sentido de oferecer fontes e dados das pesquisas que ele cita. Ele só queria desabafar✩ (e dá para sentir aquela raivinha do coração em certos pontos). O que é interessante, e chocante ao mesmo tempo, é o fato de que o autor foi super condecorado pelo trabalho que fazia nas salas de aula. Acontece que, como ele mesmo diz, com o passar do tempo, ele foi se tornando critico do próprio trabalho e do ambiente. Foi percebendo que estava meio que tapando o sol com a peneira. 

A quase raiva que ele expressa durante o livro se traduz em afirmações categóricas bem polêmicas contra o sistema. Fico até impressionada em como esse discurso mais critico dele ganhou tanta atenção (acredito que no Brasil as coisas seriam BEM diferentes). Deixo aqui algumas destas partes:

"Crianças bem-sucedidas pensam aquilo que lhes mando pensar com mínima resistência e uma demonstração adequada de entusiasmo. Dos milhões de coisas importantes a se estudar, eu escolho as poucas para as quais temos tempo. Na verdade, isso é decidido pelos meus empregadores anônimos. Essas escolhas são deles — por que eu me oporia? A curiosidade não é importante no meu trabalho, apenas a conformidade."

"As escolas ensinam exatamente o que se pretende que ensinem, e fazem isso muito bem: como ser um bom egípcio e permanecer no seu lugar da pirâmide."

"A escola é uma sentença de prisão de doze anos em que maus hábitos são o único currículo verdadeiramente aprendido. Eu ensino escola e sou premiado por isso. Eu sei como funciona."

Não acredito que estas falas tenham a intenção de chocar o leitor ou o ouvinte porque o que ele narra ou defende, de fato, acontece. Basta passar alguns dias em uma escola, seja pública ou privada, para ver que estas acusações se confirmam. Alias, vou até citar minha experiência de leitura aqui: eu li este livro durante o meu estágio obrigatório, como comentei no início, e foi engraçado já que, às vezes, ao levantar a cabeça eu enxergava a materialização daquelas acusações bem na minha frente. Salas de aula são lugar de confusão, desordem e indiferentismo. Ah, e como o autor diz: os alunos são a-históricos, pois em uma escola os alunos vivem num constante presente. Não existe hierarquia entre os horários e os assuntos, tudo é sempre a mesma coisa.

De maneira geral, ler o livro foi bom. Em alguns momentos confesso que fiz careta ao ler algumas ideias do autor, mas tirando isso, recomendo para aqueles que gostariam de entender de forma superficial a dimensão da crise educacional que, aliás, é só mais uma das facetas da crise civilizacional em que nos encontramos. Mesmo sendo escrito na década de 80 e nos Estados Unidos, o livro permanece atual e próximo à realidade brasileira já que o espírito liberal e massificado da educação paira sobre as duas circunstâncias.

A ideia central do livro poderia se resumir em dizer que, para o autor, as escolas não educam, mas escolarizam. 


sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Um relato sobre os meus estágios obrigatórios

Desde agosto estive fazendo os estágios obrigatórios da faculdade de História. Estou no sexto semestre e me formo ano que vem. Na verdade, eu também fiz um outro estágio em março deste ano, mas foi só de observação da organização da escola. Agora, eu entrei em sala de aula, observei e lecionei também.

Eu não estava ansiosa para os estágios e acredito que seja porque anteriormente já tive experiência com docência quando fui professora de Inglês em uma escola de idiomas. Apesar de serem dois ambientes diferentes, a essência da docência está nos dois lugares. Eu já entendia, na medida da minha experiência relativamente curta, como funcionava o ano letivo, a relação com os alunos e os pais deles. Isso, meio que involuntariamente, me prepararia para os estágios.

Digo isso porque acredito que deva ser estranho entrar em uma sala de aula pela primeira vez. Eu não lembro da primeira aula que dei então não posso falar da minha experiência haha, mas sei que não é fácil. Mesmo tendo certa facilidade em lidar com pessoas e falar em público, a docência é diferente porque de certa forma você se expõe, você tem que se entregar totalmente para que aquilo seja genuíno e verdadeiro.

Nas faculdades de licenciatura precisamos fazer estes estágios obrigatórios em campo porque, certamente, entrar de uma vez na sala de aula não é uma boa. Exige certo treinamento e os estágios ajudam justamente nisso. Por exemplo, a minha maior dificuldade durante o estágio foi o planejamento das aulas, saber quando a aula está boa de verdade. Acredito que eu vá aprender isso com o tempo. Um conhecido, que é professor há anos, me disse que depois de um tempo ele passou a arquivar os planos de aula e que, depois de um tempo, ele tinha planos para praticamente todos os alunos e que só atualizava conforme o tempo fosse passando. 

Eu dei muitas aulas e nas mais variadas turmas, do 6° ano a 3° série do E.M e senti que a mudança não é tão grande assim quando se trata de preparação de aula. Queria acreditar que os alunos do Ensino Médio deveriam estudar e tratar dos assuntos com mais profundidade, mas infelizmente não é o que acontece. 

No início dos estágios, eu comprei um caderno quadriculado bem simples para que eu pudesse planejar as aulas nele. Deu relativamente certo, nele registrei os mapas mentais ou esquemas de preparação para as aulas. Também entendi que apesar de entender os temas, eu também preciso saber explicá-los de maneira didática (parece óbvio, mas na prática é muito mais sério). Por isso, para algumas aulas, eu criava esquemas mentais (no papel) de como concatenar os tópicos da aula.

O caderno que usei. Comprei na Daiso.

Eu me desafiei a testar formas variadas de dar aula: usei slides, mapas mentais, o livro didático e a minha própria mente (expliquei sem usar nenhum outro suporte). Foi bom e eu nem tinha me tocado acerca dessa variedade até começar a escrever esse texto. Em uma aula, sobre Segunda Guerra, eu utilizei um dos vários sites que eu tenho salvos no meu notebook com recursos legais de fotos, vídeos, etc. Eu também utilizei mapas nessa aula (sou meio obcecada por mapas) e eu amei tanto... eu quero ser a professora que entra com um mapa de baixo do braço.



Como comentei, eu acabei dando aula para as mais variadas turmas e, consequentemente, dos mais variados assuntos. Porém, os meus favoritos foram Segunda Guerra e Revolução Russa. Eu também amo estudar sobre a Primeira Guerra, mas a complexidade não comporta os limitados horários das aulas de História no ensino regular. Dá para entender porque muitos professores de História acabam reduzindo tudo a números e datas infinitas e desconexas: o próprio sistema os obriga.

Grande parte dos alunos eram bem indiferentes. Poucos tinham curiosidade em saber porque eu estava ali, de onde eu surgi e tal. Acredito que mesmo explicando, alguns ainda ficaram meio (?). Mas, em compensação, alguns poucos participavam, tiravam dúvidas ou simplesmente ouviam com respeito. Respeito que faltou em alguns momentos onde os alunos simplesmente ignoravam a existência do professor ou a minha. 

Eu aproveitei o momento e fiz leituras sobre educação, ou melhor, sobre como ela deveria ser. Li basicamente sobre a crise do sistema educacional. Era até engraçado porque, às vezes, eu estava lendo sobre algo, sobre algum problema e quando eu levantava a cabeça aquilo estava acontecendo literalmente diante dos meus olhos. Era meio Black Mirror, sabe?

Lista das coisas que li durante esses meses:
1. The Lost Tools of Learning (As Ferramentas Perdidas da Aprendizagem) da Dorothy Sayers (escrevi sobre aqui no Blog
2. Meditar e aprender: Sobre o modo de aprender e meditar & Opúsculo áureo sobre a arte de meditar, do Hugo de São Vitor
3. Capítulo A Crise da Educação do livro Entre O Passado e O Futuro da Hannah Arendt
4. Emburrecimento Programado: O Currículo Obrigatório da Escolarização Obrigatória, do John Taylor Gatto (este ainda estou lendo)

Eu confesso queria escrever muito mais sobre o assunto, mas eu tenho medo de me comprometer, haha. Quem sabe não relato mais a minha experiência de forma diluída em textos futuros? Não quero parecer tão literal.

Mas, se posso dizer algo, diria que: eu me estressei em muitos momentos por várias razões. Antes eu já era bem crítica em relação ao estado de coisas na atualidade e essas experiências só me dão mais embasamento para a minha criticidade. Sou bem pessimista, mas continuo no meu caminho. A minha esperança em relação ao sistema educacional não se firma no próprio sistema, isso seria maluquice até porque a educação verdadeira não tem o seu fim em si mesma.

Bom, ainda falta um ano de graduação, mas sinto que já estou na reta final. Estou ansiosa para os próximos capítulos e espero poder relatá-los por aqui. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

As ferramentas perdidas da aprendizagem (Dorothy Sayers)

Ando sentindo falta de publicar aqui no blog, mas a verdade é que ando meio sem ideias do que postar.

Eu estou fazendo o último estágio obrigatório da faculdade (graças a Deus) e, para aproveitar o ensejo, ando lendo bastante sobre educação, história da educação e métodos de ensino. Gosto muito de estudar sobre esses assuntos, então achei que seria legal compartilhar um pouco do que venho lendo e aprendendo por aqui. Ok, é uma resenha (eu acho).

Tem sido muito legal me dedicar mais a este tipo de leitura justamente nesta época do estágio porque consigo ver na prática como certas teorias pedagógicas, em grande parte das vezes, não encontram pouso na realidade. 


Neste artigo, a Dorothy nos explica muitas coisas, mas gostaria de fazer algumas pontuações. Primeiro: ela nos mostra como a educação tida como clássica possuía uma organização embasada na estrutura da realidade como ela realmente é e, em paralelo, ela nos mostra como estas ferramentas, justamente as que foram perdidas, foram aniquiladas na educação atual e substituídas por um grande nada. Ela também nos apresenta possibilidades e exemplos de como continuar a ensinar de maneira mais estruturada: nos mostra as três primeiras Artes Liberais (chamadas de Trivium: Gramática, Dialética e Retórica) dentro de três fases do desenvolvimento infantil, ou seja, como estimular tais potencialidades na criança de acordo com a fase de seu desenvolvimento:

Tabela feita por mim.


















O que ficou bem marcante durante a minha leitura do artigo foi a possibilidade real que temos de ajustar a nossa forma de aprender e ensinar com bons exemplos retirados da História. Não podemos copiar e colar eventos, procedimentos ou circunstâncias passadas no nosso presente, mas podemos (e devemos) recorrer ao passado em busca de bons exemplos e bons conselhos.

Vale mencionar que a Dorothy faz uma readaptação da aplicação do Trivium já que na Idade Média o currículo funcionava de forma bem diferente: estas Artes eram aprendidas antes de se ingressar no Ensino Superior (por volta dos 14 aos 20 anos): tanto o Trivium quanto o Quadrivium (Aritmética, Geometria, Música e Cosmologia) compunha os conhecimentos tidos como basilares para demais áreas, que no caso poderiam ser três: Medicina, Teologia ou Direito. Portanto as Artes Liberais, na verdade, eram como ferramentas que preparavam o educando para qualquer matéria que poderia surgir posteriormente. Portanto, os 7 componentes das Artes Clássicas ensinam o aluno a aprender: eram anos de preparação antes de chegar propriamente nos conteúdos específicos.

Por isso digo readaptação: hoje, a realidade é bem diferente. Vivemos na sociedade do ensino compulsório e em massa. As crianças precisam estar nas instituições escolares desde a mais tenra idade quando ainda, na maioria das vezes, nem sabem lidar com estruturas básicas de linguagem. As coisas hoje são bem mais rápidas, não há tempo para aprender como lidar com o mundo pois somos jogados nele desde pequenos. O problema é que a realidade pode ser confusa e disforme se não entendermos a sua ordem, a sua estruturação. 

E é neste momento que surge essa necessidade de reformularmos bons exemplos conforme a nossa realidade. É justamente isso que a Dorothy faz: ela oferece aos pais e aos professores uma maneira de extrair o melhor que cada fase pode oferecer. É como transformar os limões em limonadas: podemos aproveitar o que viria a ser um obstáculo como material a ser trabalhado. 


No fim, veio à tona algo que aprendi com Santa Edith Stein: o professor deve reconhecer potencialidades adormecidas em cada aluno afim de propiciar o melhor ambiente para que este de se desenvolva.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Resenha: Jane Eyre de Charlotte Brontё

Após finalizar a leitura de A morte de Ivan Ilitch do Tolstói, eu senti vontade de ler algo mais leve para compensar a pedrada que foi esse livrinho que havia escolhido despretensiosamente. Acontece que depois me questionei: algo leve pode surgir do convulsionado século XIX? Ouso dizer que não. Sem me dar conta acabei pousando novamente no mesmo século, mas só voltei algumas décadas. 

A minha vontade de ler um romance romântico foi sim saciada com Jane Eyre, mas eu não esperava encontrar aqui um colosso como este: a surpresa foi contínua até a última página até porque eu iniciei a minha leitura sabendo somente de duas coisas: 1) era um dos livros favoritos de uma amiga e 2) eu encontraria algum romance ali. Mas, para minha surpresa, o livro me apresentou muito mais do que eu poderia tentar imaginar. Confesso que a capacidade imaginativa das irmãs Brontё me causa uma leve inveja. DE ONDE SURGEM ESSAS IDEIAS? Se alguém souber, por favor, me conte.

Quando decidi que leria Jane Eyre, fui logo pesquisar qual das edições disponíveis seria a escolhida. Dei uma rápida olhada e acabei comprando a que estava mais barata e na promoção: a da Zahar. Comprei por R$ 44,00 na primeira quinzena de setembro (deixo aqui a informação detalhada assim caso alguém queira ler e esteja pesquisando os preços). Pois bem, tenho algumas ressalvas.


Primeiro que a edição é de ótima qualidade: encadernação ótima, capa dura (o que torna o livro pouco maleável), boa diagramação, folha amarela e notas! As notas aqui se tornam muito importantes já que o repertório e imaginário da Charlotte não é brincadeira: sem as notas um leitor comum não consegue acompanhar as referências feitas ao longo da narrativa. Ou seja: é importante considerar. Parece que a edição atual da Penguin não tem notas, mas não tenho certeza. Agora sim, minhas ressalvas. Primeiramente: não gostei da capa. Segundo: que texto introdutório horripilante. 

Aproveito o ensejo para comentar sobre algo que, posteriormente, se mostrou importante na discussão sobre o enredo da obra. As releituras e críticas recentes apresentam uma nova roupagem para a personagem da Jane: uma roupagem feminista. Não vou discutir sobre o assunto aqui porque não tenho propriedade para opinar sobre, mas posso sim dizer que vejo essa reinterpretação da obra como uma espécie de cegueira. Cegueira por parte dos que tentam analisar a narrativa sob uma perspectiva, ao que tudo indica, inexistente. Até me lembrei agora de uma parte marcante no início do livro: “De todo modo, porém, sentia que Helen Burns considerava as coisas sob uma luz invisível aos meus olhos." (página 76)

Conforme a história vai avançando fica bem evidente que luz invisível é essa: a luz que somente a Graça pode nos proporcionar. 


O caminho que Jane realiza durante as páginas é o caminho de amadurecimento pelo qual todos deveriam se submeter: das desgraças e infelicidades à compreensão real do sofrimento e do sacrifício. Caminho este que não pode ser entendido plenamente sem os olhos da fé, pois sim: acredito que este seja um romance de teor profundamente cristão. Charlotte Brontё realiza tal façanha em um dos séculos mais descrentes da história humana, portanto, se torna até compreensível que as entrelinhas não sejam compreendidas.

Àqueles que não são iluminados pela luz invisível, pode parecer loucura o que Jane faz ao fim da narrativa: tão loucura quanto o que Abrãao decide fazer quando Deus o pede que sacrifique seu filho, Isaque.

Eu nunca havia lido um romance de formação (são romances mais extensos que acompanham a personagem durante anos de sua vida), e uma das coisas que mais gostei foi justamente a profundidade no desenvolvimento da personalidade da protagonista. No caso da Jane isso se torna ainda mais interessante porque as características da personagem são um dos pontos principais aqui: acompanhamos uma personagem forjada em situações extremas, sejam psicológicas ou circunstanciais, desde a infância até os anos mais maduros. 

Jane Eyre tinha tudo para se tornar amargurada, à semelhança de sua tia, mas certas influências a ajudam a seguir por outro caminho: o do perdão e o da vida dedicada ao serviço, características estas que são maravilhosamente trabalhadas nos anos da juventude de Jane e que refletem profundamente a natureza feminina que se torna ainda mais vívida no fim do livro.

Jane deseja, a todo instante, ser útil e utilizar seus dons e aptidões em serviço do próximo, o que, aliás, se torna perceptível várias vezes no decorrer da narrativa.

Uma das genialidades da Charlotte foi trazer a questão da ociosidade feminina a qual as mulheres estavam imersas na cultura europeia da Modernidade, ociosidade esta que fica extremamente aparente nos livros da Jane Austen, por exemplo. O que torna Jane Eyre tão diferente das outras personagens femininas dos romances, até o momento, foi a sua reação a tal ociosidade: Jane não se submete à inatividade tão comum às mulheres daquela época. Mesmo quando a protagonista encontra uma situação confortável na qual poderia se acomodar, ela não cruza os braços achando que já havia feito tudo o que poderia: ela deseja mais, deseja se doar mais, deseja amar mais. Jane Eyre nos exemplifica uma vida de serviço, sacrifício e, principalmente, obediência a Deus.

A própria personagem reconhece que tal inatividade era totalmente danosa a si mesma quando afirma: “Eu não podia evitar: a inquietude estava em minha natureza, e às vezes me agitava a ponto de me causar sofrimento". E toda essa reflexão me fez lembrar de uma página que li há mais de dois anos onde Santa Edith Stein, a grande filósofa do século XX, nos ensina que o maior e melhor remédio contra as imperfeições femininas é o TRABALHO, que nos afasta da individualidade e da superficialidade. E talvez seja isso que aconteça nos livros da Jane Austen 😅.

No fim, Jane só queria encontrar a sua vocação individual na Terra, só queria dotar a sua vida de sentido, e por isso penso que todos nós podemos nos identificar um pouco com ela.

Ah... como é maravilhoso encontrar um novo livro favorito! Mas como é triste saber que nunca mais poderei o ler pela primeira vez...


quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Primeiros dias da primavera

Eu gosto muito da virada do inverno para a primavera. 

Aqui no Centro-Oeste (em Brasília, pelo menos) nós só temos duas estações bem definidas - verão chuvoso e inverno seco -, apesar disso, sinto que o tempo realmente muda na transição entre as duas estações. Em setembro temos o mês mais quente e seco, mas quando outubro se aproxima a natureza vai mudando e a chuva vem chegando. 

Estamos a uns 160 dias sem chuva, todo ano é a mesma coisa. Ficamos bem felizes quando os primeiros pingos chegam em outubro por aqui. Eu amo dias chuvosos, eles são especiais e têm uma beleza diferente dos outros. Sinto falta da chuva.

Nesse ano, o que mudou um pouco por aqui foram a gravidade das queimadas. De certa forma nós já estamos um tanto quanto acostumados com aquele cheiro da mata pegando fogo porque acontece todos os anos ao redor. Porém, nas últimas semanas foi bem mais intenso e grave. Vimos uma névoa espessa e amarelada que cobriu o céu de Brasília por dias.

Agora, parece que o calor está indo embora bem aos poucos. Estou bem ansiosa pela chuva.
Estes registros foram feitos nestes primeiros dias de primavera (que começou no domingo, dia 22) com uma câmerazinha digital aqui de casa. Quando passei para o computador fiquei surpresa com a qualidade das fotos.

O pé de morangos aqui de casa nunca esteve tão saudável e feliz. Os morangos não crescem tanto por alguma razão que desconhecemos, mas eles têm se multiplicado a cada dia. Já usamos para enfeitar um bolo de cenoura e para comer no café da manhã com panqueca. Eles são uma gracinha e espero que fiquem vivos por bastante tempo.

Eu fico muito impressionada em como as cores da natureza se complementam. A diversidade das cores também é impressionante. Esse verde das folhas é surreal de lindo, sem dúvidas uma das minhas cores preferidas.

Eu também quis redecorar meu quadro de cortiça com coisas relacionadas à primevera. Ficou assim:

Minha mesa também foi alvo da câmera digital. Estas são as minhas leituras do momento. Aquele urso lendo ali foi um marca-páginas que fiz ontem! O saquinho de coelho feito pela minha amiga também é pura primavera. Estou amando Jane Austen e uma das minhas coisas preferidas tem sido as descrições da natureza.

Sigo confirmando a minha teoria de que o segundo semestre do ano sempre passa mais rápido do que o primeiro. Ja já estamos comemorando o Natal, mas enquanto isso quero aproveitar os dias como eles são. A cada dia basta o seu cuidado e atenção.








Até mais!

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Sobre formar-se: o espirito deve triunfar sobre a matéria.

Continuando as leituras dentro do tema educação, acabei começando a leitura de um livro que até então só tinha usado para fazer consultas: A Formação da Personalidade, do Padre Leonel Franca. Por isso, quero muito ir escrevendo breves reflexões por aqui conforme eu for lendo.

Amo essa capa!

Acho que já comentei por aqui sobre como eu sou um tanto quanto pessimista quando o tema é educação e é engraçado falar isso enquanto estudo para ser professora (e professora de história ainda por cima...).

Ontem estava no Instagram e vi um post sobre como a maior parte das pessoas formadas em história não exercem a profissão ou estão desempregadas. Nos comentários o que havia era basicamente tristeza, lamentos e pessoas desaconselhando as outras a NÃO seguirem por esse caminho, pelo caminho da docência no geral. Olha, se eu tivesse escolhido ser professora simplesmente por escolher, sem nenhum motivo mais concreto, eu já estaria em uma crise existencial daquelas. Estudar sobre o que é uma boa educação e sobre a importância dela são alguns dos motivos pelos quais eu continuo no meu caminho aparentemente tortuoso. 

Parece ser meio radical hoje em dia não querer viver pensando ou tomando decisões somente pelas circunstâncias temporais e espaciais em torno de nós. A materialidade da vida moderna não somente triunfou sobre o espírito, mas o aniquilou

Nessa primeira parte do livro, o Padre fala algo interessante sobre como a aquisição de técnicas, de meios para exercer determinada profissão precisa estar em consonância com a formação do homem. Ora, isso é exatamente o oposto do acontece hoje em dia. Os anos de estudo e de especialização nem se quer tocam o espirito dos homens hoje em dia. Vemos as escolas, as faculdades, os cursos profissionalizantes instruindo homens e não formando-os.

Mas ok, o que seria exatamente essa formação? Seria o cultivo daquilo que nós temos de melhor, daquilo que está adormecido em nossas naturezas decaídas. A verdadeira educação preocupa-se primordialmente em despertar a perfectibilidade adormecida no homem por meio das virtudes e dos hábitos. É tornar-se bom, instruir a vontade, ser capaz de tomar decisões direcionadas ao Bem.

Não somos de ceira, somos de mármore.

Acontece que o homem não consegue formar-se pelas suas próprias forças: ele é dependente, é tributário, nas palavras do Padre, do tempo e do lugar que vive. Não somos espíritos; pelo corpo, entramos no espaço e no tempo, pertencemos a um país, a uma raça, e daí sofremos inúmeras restrições nos nossos desenvolvimentos possíveis (p. 17).

E pensar sobre tudo isso me levou de volta aos meus estudos do ano passado enquanto me preparava para escrever sobre a educação dos gregos antigos. Educação esta que também é configurada como clássica e que se diferencia enormemente da educação moderna justamente por esta questão: conforme os séculos foram passando, a educação foi se descolando do aspecto formativo e se tornando cada vez mais apenas instrutiva e enciclopédica. Esse parece ser, a meu ver, o cerne do problema da educação moderna.

A educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual; e, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valores que regem a vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pela transformação dos valores válidos para cada sociedade. À estabilidade das normas válidas corresponde a solidez dos fundamentos da educação (Werner Jaeger em Paideia, p. 6).