segunda-feira, 29 de abril de 2024

Registros outonais (e Fernando Pessoa)

Canção de Outono (1910)

No entardecer da terra,
O sopro do longo outono
Amareleceu o chão.
Um vago vento erra,
Como um sonho mau num sono,
Na lívida solidão.

Soergue as folhas, e pousa
As folhas volve e revolve
Esvai-se ainda outra vez.
Mas a folha não repousa
E o vento lívido volve
E expira na lividez.

Eu já não sou quem era;
O que eu sonhei, morri-o;
E mesmo o que hoje sou
Amanhã direi: quem dera
Volver a sê-lo! mais frio.
O vento vago voltou.






Fotos tiradas em uma câmera digital do modelo Sony Cyber-shot DSC-W320.

2 comentários:

  1. Que lindo poema e belas fotos!
    Prazer em conhecer seu blog.

    Abraços!

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    1. Oi, Gaby! Fico feliz que tenha gostado e que tenha chegado aqui.

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